sexta-feira, 4 de abril de 2008

MONOGRAFIA MARIANE FELIPE BITTENCOURT

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X-MEN, O FILME











FUNDAÇÃO DE APOIO À ESCOLA TÉCNICA

ESCOLA TÉCNICA REPÚBLICA

CURSO TÉCNICO EM MODA








cinema:

X-Men, O Filme









por

Mariane Felipe Bittencourt









Projeto Final apresentado a Profª Laila Cerqueira como parte da avaliação final do Curso Técnico em Moda da Faetec.









Abril de 2008

SUMÁRIO

Apresentação do Tema.....................................................................................................................04

Histórico do Tema...........................................................................................................................06

X-Men na Moda...............................................................................................................................08

Justificativa......................................................................................................................................09

Conclusão.........................................................................................................................................10

Anexos.............................................................................................................................................11

Referências Bibliográficas...............................................................................................................14



APRESENTAÇÃO DO TEMA

X-Men, O Filme é um filme dos Estados Unidos que foi dirigido por Bryan Singer. Teve sua estréia em meados de 2000.

Ele começa mostrando na Segunda Guerra Mundial um campo de concentração na Polônia. Por ser de origem judia a família de um menino chamado Eric Magnus é levada para esse campo de concentração. Ele também é levado para esse lugar e é separado dos pais. Ele é um mutante. Seus poderes despertam e ele entorta o portão do campo de concentração. O menino ficará conhecido como Magneto e será o vilão da história.

O filme conta a história de dois mutantes que se conhecem por acaso, Wolverine e Vampira, sofrem um acidente e são atacados por um outro mutante conhecido como Dentes-de-Sabre. Esse mutante é um dos capangas de Magneto. Nesse momento aparecem mais dois mutantes, são Tempestade e Ciclope. Eles salvam Wolverine e Vampira e os levam à Escola Xavier Para Jovens Superdotados, uma escola para mutantes. A médica telepata Jean Grey estuda a mutação de Wolverine e o metal que foi posto no seu corpo. É o Adamantium, metal mais resistente da Terra. Wolverine foi cobaia de uma experiência, mas não se lembra disso e nem de nada sobre seu passado.

Enquanto isso, o senador Kelly, que é contra os mutantes, é seqüestrado pelo grupo de Magneto e ele transforma o senador em mutante com uma máquina que ele criou. Magneto pretende transformar toda a humanidade em mutante, para isso a máquina precisa usar seus poderes, o que é perigoso, pois ele pode morrer. Então, ele, conhecendo os poderes de Vampira (ela consegue “roubar” a força vital dos humanos e o poder dos mutantes) a seqüestra para passar seus poderes para ela e colocá-la em seu lugar. Mas os pupilos do Professor Xavier conseguem salvá-la e impedir que os planos de Magneto se concretizem. Magneto é preso em uma cela de vidro e plástico sem um único tipo de metal e Vampira e os outros voltam para a escola de mutantes. Wolverine quer saber sobre seu passado. Ele sai para procurar respostas.

X-Men é um filme rico em efeitos especiais, os personagens tem uniformes bem feitos e que combinam com a personalidade e o poder de cada um. O filme é uma adaptação de quadrinhos de heróis já conhecidos e adorados no mundo inteiro e reúne ótimos atores em seu elenco.

Os X-Men não foram criados só para divertir os seus leitores, eles têm sua história voltada para questões políticas e sociais, como racismo, preconceito e a exclusão de minorias e de pessoas que não fazem parte da elite da sociedade. Tudo isso fica subentendido nas histórias contadas. Os mutantes são temidos e mal vistos pelas pessoas comuns da sociedade somente por serem mutantes.













HISTÓRICO DO TEMA

X-Men, O Filme foi adaptado dos quadrinhos criados por Stan Lee e Jack Kirby. A primeira revista foi publicada nos Estados Unidos em setembro de 1963 pela editora Marvel Comics.

Os X-Men são mutantes, humanos que, como resultado de um súbito salto evolucionário, nasceram com habilidades super-humanas latentes, que geralmente se manifestam na puberdade. As pessoas comuns têm medo e desconfiança dos mutantes, que são vistos pelos cientistas em geral como o novo degrau da evolução humana. Muitos os consideram uma ameaça à própria sociedade humana.

Os mutantes bons não conseguem provar que os mutantes podem viver em paz com as pessoas comuns da sociedade por existir mutantes que só querem acabar com a sociedade não-mutante.

Para combater os mutantes malignos e para que exista uma convivência pacífica entre as duas raças, um mutante com poderes psíquicos chamado Charles Xavier fundou uma academia para treinar jovens mutantes e doutriná-los para que continuem a ser “mutantes do bem” e que vivam em paz com os humanos normais. Ocultando sua real intenção do restante do mundo sob a fachada do Instituto Xavier Para Jovens Super-Dotados, Charles deu início ao seu sonho.

As histórias dos X-Men contam com personagens de diversas etnias sendo, talvez, a revista em quadrinhos mais multicultural já publicada pela Marvel. Personagens representando várias outras etnias e cenários culturais foram adicionados. A história desses mutantes foi construída visando questões sociopolíticas. Os mutantes são vistos freqüentemente como uma metáfora para minorias étnicas ou qualquer outro grupo oprimido.

Além do filme X-Men, O Filme e de suas duas continuações, a revista X-Men também rendeu desenhos animados de televisão.

Em 1989, a Marvel Productions produziu um episódio-piloto de X-Men para a NBC. A série não continuou, mas o episódio foi lançado recentemente em DVD. Em 1992 a Fox Network lançou uma série animada dos X-Men. A série foi um sucesso extraordinário, tornando-se um dos desenhos mais vistos na história da televisão e ajudando a aumentar a popularidade dos X-Men. Ela durou cinco temporadas e terminou em 1997. Recentemente voltou a ser apresentada pela Fox, por vários meses após o lançamento do primeiro filme. Em 2000 a Warner Brothers Network lançou X-Men: Evolution que mostrou os X-Men como adolescentes freqüentando o colegial, além do Instituto Xavier. A série terminou em 2003 após quatro anos de temporadas. Hoje a série passa no SBT.

A primeira tentativa de fazer uma versão cinematográfica de X-Men foi no final da década de 1980, junto com os filmes Homem-Aranha e Hulk. O diretor James Cameron, de Alien e O Exterminador do Futuro, estava cotado para dirigí-los, mas isso acabou não acontecendo. Em 1996, a Fox produziu um filme para televisão baseado na série mutante Geração X.

A adaptação cinematográfica dos quadrinhos X-Men, O Filme foi lançado pela 20th Century Fox e foi dirigida por Bryan Singer. O filme, juntamente com Blade e Homem-Aranha foi aprovado pelos fãs e pela crítica, o que incentivou o renascimento dos filmes baseados em super-heróis.













X-MEN NA MODA

Os uniformes dos X-Men foram criados por Louise Mingenbach e Bob Ringwood e combinam com o poder de cada mutante e com seu jeito de ser, tanto no filme, quanto na revista.

O tecido das revistas é emborrachado, colorido, com cintos grossos e alguns até máscaras. Eles não usam máscaras no filme, os uniformes são pretos e feitos de couro.

A mutante Tempestade usa uma capa brilhosa e Ciclope um óculos vermelho. Ela é capaz de lançar raios e trovões e Wolverine têm suas garras. Tudo isso são formas que podem aparecer na coleção, que terá brilho e contrastes de preto e branco.

As cores amarelo, vermelho, verde e azul são as mais usadas nas revistas e serão, também, cores que aparecerão na coleção.

As escamas azuis do corpo da Mística e seus olhos amarelos são referências para estampas e beneficiamentos.





















JUSTIFICATIVA

No filme eles tinham roupas feitas de couro e eram pretas. Na revista tiveram diferentes uniformes, mas quase sempre coloridos. Os heróis de desenhos precisam ter roupas coloridas para chamar a atenção dos leitores, principalmente crianças. Já o filme tenta passar uma imagem séria, para adultos, por isso a diferença de cores e tecidos.

A coleção mostrará roupas inspiradas nos mutantes e nos poderes deles. Por isso, terá brilho e cores, formas e efeitos que apresentem características dos personagens.

Os acessórios, como capas, óculos, luvas, etc, estão presentes no filme e na revista. Elas serão peças importantes para a coleção.

As roupas serão feitas de tecidos pesados e leves, coloridos e preto e branco para mostrar esse contraste entre a revista e o filme.

Serão usadas as cores vermelho, amarelo, verde e azul, além do preto e branco que para dar um aspecto chamativo de desenho.

Será feita uma releitura na roupa dos mutantes e serão misturadas as características dos mesmos.

















CONCLUSÃO

O filme é uma adaptação de histórias em quadrinhos dos heróis mutantes. Eles levam uma vida conturbada em relação ao resto dos humanos e foram criados para criticar o preconceito às minorias.

As revistas dos mutantes mostram uma grande diversidade de etnias, crenças e religiões. E ensina as pessoas a não terem preconceito quanto às diferenças. Então, ficará também voltada a coleção ao público “mutante”, ou seja, o público que é mal visto só por puro preconceito de certas pessoas da sociedade.

São pessoas com poderes especiais, por isso, foram usados muitos efeitos no filme. As roupas usadas no filme são diferentes das usadas nas revistas. Com certeza as usadas nas revistas são de aspecto conceitual, mas algumas roupas do filme podem ser comerciais.

Por isso, a coleção não terá só aspecto conceitual, terá, também, roupas comerciais.

Será voltada para o público que gosta de quadrinhos, animação e ação. Por isso, serão voltadas aos jovens.

















ANEXOS


Os X-Men nos quadrinhos e no cinema:












Vampira













Wolverine













Magneto














Tempestade













Mística















Jean Grey
















Ciclope
















Professor Charles Xavier







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


  • Filme:

X-Men, O Filme


  • Internet:

  • http://pt.wikipedia.org/wiki/X-Men

  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Magneto

  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Professor_X

  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Vampira_%28Marvel_Comics%29

  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Wolverine

  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Grey

  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Tempestade_%28Marvel_Comics%29

  • http://www.cinemacafri.com/filme.jsp?id=153

  • http://www.website.com.br/notaspro/npxmen.htm


Figuras:

Google Imagens:

  • http://cybercrafty.multiply.com/journal?&=&page_start=20

  • http://www.devir.com.br/index_news.php?id_texto=1163

  • http://www.chancedizzle.com/phone/XMenWolverine21.jpg

  • http://antigravidade.wordpress.com/2007/10/22/wolverine-personagem-tera-irmao-no-filme/

  • http://www.legal.adv.br/?p=46

  • http://www.snk-neofighters.com/forum/lofiversion/index.php?t34864.html

  • http://meninoseuvi.blogspot.com/

  • http://www.kboing.com.br/papeldeparede/m_papeldeparede.php?papel=6990X_Men

  • http://philipinas.blogspot.com/2006_05_01_archive.html

  • http://www.meupapeldeparedegratis.com.br/comics/pages/storm-from-x-men.asp

  • http://xmen.publispain.com/personajes.htm

  • http://www.marvelvc.com.br/X-Men/HQ_Professor_X.htm

domingo, 25 de novembro de 2007

UNISUAM - CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS





CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO







REESTRUTURAÇÃO BANCÁRIA E CONCENTRAÇÃO DO CAPITAL
A dicotomia: sistema financeiro versus sociedade e trabalhador bancário







Marcos Antonio Bittencourt



















Rio de Janeiro
2007

CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS



CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO







REESTRUTURAÇÃO BANCÁRIA E CONCENTRAÇÃO DO CAPITAL
A dicotomia: sistema financeiro versus sociedade e trabalhador bancário





Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Administração da UNISUAM, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Administração.



Por:
Marcos Antonio Bittencourt

Professor Orientador:
Miguel Luiz Marun Pinto – MSc



Rio de Janeiro
2007



MARCOS ANTONIO BITTENCOURT





REESTRUTURAÇÃO BANCÁRIA E CONCENTRAÇÃO DO CAPITAL
A dicotomia: sistema financeiro versus sociedade e trabalhador bancário







Banca Examinadora composta para a defesa de Monografia para obtenção do grau de Bacharel em Administração.







APROVADA em: ______ de ___________ de _______





Professor Orientador: Miguel Luiz Marun Pinto – MSc

Professor Convidado: José Manuel de Souza Barreiros - MSc

Professor Convidado: Ricardo José da Silva Machado – MSc












Rio de Janeiro
2007








DEDICATÓRIA

Aos meus pais e minha querida Tia Ruth, que após a morte deles, ainda na minha adolescência, foi para mim mãe e pai, e mais recentemente grande responsável por meu retorno aos estudos e por minha inabalável decisão de completar a graduação. Lamento cada dia sua partida, seguindo o chamado do Senhor, durante a realização da pesquisa para apresentação desta monografia, que ela não verá apresentada e nem poderei apresentar-lhe meu diploma. Peço sua benção à minha aprovação e sei que sua admiração e orgulho por mim sempre prevalecerão. A Deus apresento minha gratidão por tê-la ao meu lado por quase quarenta e oito anos. Espero ser merecedor das bênçãos e graças de Deus e da confiança de minha inesquecível tia.


























AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter chegado até este momento e por ter colocado junto a mim pessoas que muito me incentivaram, apoiaram e muito me ajudaram. Desejo personificar todas essas pessoas na figura de meu Orientador, Professor Miguel Luiz Marun Pinto, por sua confiança, incentivo, apoio e orientação, que me foram fundamentais.






















RESUMO
Este trabalho tem como enfoque principal à relação entre a sociedade, os trabalhadores bancários e o sistema financeiro. Busca demonstrar como o processo de concentração do capital e centralização bancária das atividades econômico-financeiras aprofunda a dicotomia entre capital x trabalho no setor bancário e colocam sociedade e Estado reféns do sistema financeiro. Focando a Administração, enquanto ciência social aplicada, e buscando nela seus pressupostos teóricos, o trabalho apresenta, de forma analítica, o estudo da reestruturação implementada pelo setor nas últimas décadas e suas conseqüências. Para a realização da pesquisa foram observados métodos analíticos, meticulosa revisão da literatura inicialmente eleita e, após iniciada a pesquisa, ampliação da literatura, com nova e conseqüente revisão. Inicialmente são apresentadas a base teórica e a revisão bibliográfica. O trabalho, dividido em três partes, apresenta em seu primeiro capítulo a fundamentação teórica. O segundo capítulo apresenta o objeto da pesquisa e analisa a mudança estrutural, a concentração e centralização do sistema financeiro. O terceiro e último capítulo busca a correlação, a análise da pesquisa e a apresentação dos dados que fundamentaram a análise.























LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PARTICIPAÇÃO DA RECEITA DOS 100 MAIORES GRUPOS PRIVADOS NO PRODUTO INTERNO BRUTO (%)


31 e 41
TABELA 2 - OS SETE MAIORES GRUPOS FINANCEIROS – 1993

42
TABELA 3 - OS SETE MAIORES GRUPOS FINANCEIROS PRIVADOS – 1993

43
TABELA 4 - BANCOS POR ORIGEM DE CAPITAL

44
TABELA 5 - BANCOS POR ORIGEM DE CAPITAL

45
TABELA 6 - CLASSIFICAÇÃO 10 MAIORES BANCOS - ATIVOS TOTAIS

46
TABELA 7 - RANKING BANCOS POR ATIVOS TOTAIS

47


























SUMÁRIO

FOLHA DE APROVAÇÃO
iii
DEDICATÓRIA
iv
AGRADECIMENTOS
v
RESUMO
vi


INTRODUÇÃO
1
Justificativa
2
Objetivo Geral
3
Objetivos Específicos
3
Pressupostos Teóricos e Revisão da Literatura
3
Questões do Estudo
4
Hipóteses
4
Delimitação do Estudo
4
Metodologia da Pesquisa
5


CAPÍTULO 1 - A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
6
1.1 - Influência dos Filósofos
6
1.2 - Influência da Revolução Industrial
9
1.3 - Influência dos Economistas
11
1.4 - Influência dos Pioneiros e Empreendedores
13
1.5 - Administração por Objetivos e Teoria Contingencial
16


CAPÍTULO 2 - A APRESENTAÇÃO DO OBJETO .
23
2.1 - A Reestruturação do Sistema Financeiro no Brasil
23
2.1.1 – A transformação do dinheiro em capital e a relação com o
trabalhador bancário

23
2.2 - A Concentração e Centralização no Setor Financeiro
25
2.3 – A Consolidação da Hegemonia do Setor Financeiro Nacional
28
2.4 - Organização do Trabalho e Especialização Flexível
31
2.5 – O Novo Perfil do Trabalhador Bancário
33
2.6 – Terceirização e Precarizacao do Trabalho Bancário
35
2.7 – O Predomínio dos Bancos e os Agentes Sociais
37


CAPÍTULO 3 - A CORRELAÇÃO
38
3.1 – A Análise da Pesquisa
38
3.2 – Uma Rápida Análise de Dados
41
3.3 – Trabalho Bancário: Um Caso de Saúde Pública
48


CONSIDERAÇÕES FINAIS
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
52







INTRODUÇÃO
O sistema financeiro nacional vem experimentando desde a década de 1960, uma gradativa mudança estrutural, que atinge na primeira metade da década de 2000 um patamar de concentração de capital e centralização de atividades econômicas e financeiras que começa a colocar em xeque a liberdade dos demais setores econômicos e da própria sociedade.
O trabalhador bancário, a despeito do inegável avanço qualitativo, tanto no nível tecnológico como acadêmico, encontra-se à mercê dos interesses meramente econômicos e políticos do sistema financeiro. Sempre dentro da lógica sistêmica do capital, sociedade e trabalhador bancário vivem reféns de uma engrenagem montada e que se readapta com extrema velocidade, para fazer dinheiro gerar dinheiro. É dentro desse embate que esta pesquisa busca focar seu objeto e apresentar não uma solução, pois isso parece perto da impossibilidade, mas apontar caminhos e correlações com o estudo administrativo e com a Administração, enquanto ciência social aplicada.
A solução definitiva para romper a dicotomia que se instalou, passa obrigatoriamente pela ruptura com o atual modelo econômico. No entanto, tanto em nível nacional como internacional, o que se vê é um recrudescimento do poderio e da acumulação do capital. O Brasil, ao contrário do que se quer propagar, não interage com o capital internacional, mas submete-se a este. Portanto, não é por falta de visão que esta pesquisa não admite solução. Ao reverso, é por ter a visão de que somente a ruptura com o modelo vigente poderá criar condições para o encontro entre sociedade e Estado, é que esta pesquisa procura apresentar, dentro do campo da Administração, o embasamento de suas idéias.




JUSTIFICATIVA
O sistema financeiro, concentrando parcela significativa da economia mundial e dominando agentes políticos e sociais nos países periféricos, coloca sob submissão a sociedade desses países. O que se assiste neste início do século XXI, é o controle, por parte do capital, de governos e sociedades, colocando em xeque a autodeterminação e a própria existência dos estados nacionais.
O Brasil, como um dos representantes desses países periféricos, não poderia ficar imune ä ação do capital e do sistema financeiro. Governo e sociedade brasileira encontram - se reféns e submetidos aos interesses do sistema financeiro.
A categoria bancária exposta, por um lado, ao contato direto com a mercadoria-dinheiro, fetiche capitalista, que lhe é negada na medida de suas necessidades, e por outro como amortecedora das agruras e angústias da sociedade, enquanto usuária do sistema bancário acaba por absorver psíquica e fisicamente tanto as angústias sociais como a extremada carga de trabalho imposta pelos bancos.
Portanto, o campo de ação da Administração, enquanto ciência social aplicada, é bastante amplo e diversificado junto ao setor financeiro e bancário. Por isso a idéia dessa pesquisa.
Mister destacar que, embora a maioria dos textos analisados estabeleça relação com a Administração, somente aqueles que serviram de base para a fundamentação teórico-administrativa foram escritos por autores diretamente ligados à Administração. Quanto aos demais, encontram-se ligados as mais diversas áreas, como economia, saúde, psicologia, filosofia, direito, etc... Os próprios textos que deram origem à pesquisa, encontram-se nos campos da História, Sociologia e Educação.
Portanto, esta monografia procura ser um estudo dentre muitos outros a abordar o tema do ponto de vista da Administração. É inconcebível que no estágio em que se encontra a Ciência Administrativa, não tenha ainda produzido estudos, em larga escala, relacionados ao sistema financeiro e suas implicações na administração. Ou ainda, a penetração da Administração no sistema financeiro/bancário, sua análise e a apresentação de teorias, doutrinas e abordagens específicas na área acadêmica; e, principalmente, a atuação maciça de profissionais da Administração nos bancos e demais empresas financeiras.

OBJETIVO GERAL
Apresentar um alerta quanto ao risco que o Brasil e a sociedade brasileira encontram-se expostos, em vista da permanência e do aprofundamento da concentração e da centralização do sistema financeiro.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Demonstrar, de forma analítica:
· a evolução da administração, em parâmetros direcionados ao enquadramento do sistema financeiro e ao embasamento de suas doutrinas administrativas;
· a reestruturação bancária;
· a concentração e a centralização do capital; e
· o novo perfil do trabalhador bancário, com as conseqüências que as exigências desse novo perfil acarretam.

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E REVISÃO DA LITERATURA
A pesquisa encontra base teórica nos textos ao final referenciados. Fundamentou-se inicialmente nas obras de LIMA FILHO, CONCEICAO SILVA e LARANJEIRA. A base teórico-administrativa foi firmada nas obras de CHIAVENATO, MAXIMIANO E DRUCKER. Os demais textos foram adicionados já no desenrolar da pesquisa. A revisão bibliográfica foi executada periodicamente, sempre no intuito de buscar correlação com o estudo desenvolvido.
Ao longo da apresentação e do desenvolvimento, a pesquisa buscará estabelecer os vínculos necessários para a defesa de sua fundamentação teórica e embasamento analítico.

QUESTÕES DO ESTUDO
A relação entre a sociedade, o trabalhador bancário e o sistema financeiro formam a questão-objeto desta pesquisa. Embora ampla e difusa, a questão foi eleita por representar importante campo de estudo para a Administração e apresentar um embate subliminar que ocorre dentro da sociedade, apoiado pelos setores produtivos.

HIPÓTESES
Toda e qualquer hipótese que possa ser levantada por esta pesquisa, passa necessariamente pela mudança do atual modelo econômico, visto que sua manutenção favorece e estimula a concentração e a centralização do capital. No entanto, a pura e simples mudança do atual modelo não garante solução para a questão apresentada. Após, serão necessárias intervenções político-sociais específicas, para que haja o fundamental encontro entre sociedade e Estado. Nas sociedades de avançada democracia sempre foi a sociedade quem formou o Estado. No Brasil, ao contrário, foi o Estado quem formou a sociedade. Compreende-se, por isso, a dificuldade da intervenção social no Estado.
Como a mudança do modelo econômico vigente apresenta-se como hipótese pouco provável, e reafirmando que não é por falta de visão que esta pesquisa não apresenta hipóteses concretas e imediatas, mas por entender que somente a ruptura com o atual modelo é que poderá abrir possibilidades de soluções, é que se exime de apresentá-las.

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Os textos que ofereceram a oportunidade de criação desta pesquisa foram os de LIMA FILHO, CONCEIÇÃO SILVA e LARANGEIRA. Foram eleitas, prioritariamente, para a fundamentação teórico-administrativa as obras de CHIAVENATO, DRUCKER e MAXIMIANO. Ao longo da pesquisa e da revisão bibliográfica, as demais obras referenciadas foram incorporadas ao estudo e serviram de importante base analítica e correlacional.

METODOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa está organizada analiticamente, a partir do estudo da bibliografia ao final referenciada. Ao longo do desenvolvimento, a pesquisa buscará estabelecer vínculos entre teorias e doutrinas administrativas e as abordagens executivas estabelecidas pelo sistema financeiro ao longo da reestruturação pelo qual passou nas últimas décadas.
Foram utilizados métodos analíticos do conteúdo das obras referenciadas, divididos entre abordagens administrativas, conceitos e apresentação de estatísticas extraídas da própria bibliografia. A apresentação de estatísticas servirá apenas como demonstrativo das afirmativas alcançadas, posto não ser objetivo desta pesquisa o estudo de modelos estatísticos.
Os textos de cada obra foram analisados a partir da importância e vinculação entre o objeto da pesquisa, os conceitos expressos e as abordagens propostas.








CAPÍTULO 1 - A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 - INFLUÊNCIA DOS FILÓSOFOS
A história da administração encarada como ciência, é recente. No decorrer da história da humanidade ela se desenvolveu de forma lenta, mas contínua; recebendo ao longo contribuições dos mais diversos setores do conhecimento humano. Somente no início do século XX, é que a administração se estabeleceu como ciência, sendo modernamente agrupada no campo das ciências sociais aplicadas.
Segundo Chiavenato (1997), a primeira influência aposta à administração, ocorreu na antigüidade, por parte dos filósofos gregos. Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.), expõe ser a administração uma “habilidade pessoal, separada do conhecimento técnico e da experiência”.
[...] sobre qualquer coisa que o homem possa presidir, ele será. Se souber do que precisa e se for capaz de provê-lo, um bom presidente, quer tenha a direção de um coro, uma família, uma cidade ou um exército. Não é também uma tarefa punir os maus e honrar os bons? Portanto, Nicomaquides, não desprezeis homens hábeis em administrar seus haveres; pois os afazeres privados diferem dos públicos somente em magnitude; em outros aspectos são similares. Mas o que mais se deve observar é que nenhum deles pode ser gerido sem homens. Nem os afazeres privados são geridos por uma espécie de homem e os públicos por outra; pois aqueles que conduzem os negócios públicos não utilizam homens de natureza diferentes daqueles empregados pelos que gerem negócios privados; e os que sabem empregá-los, conduzem tanto os negócios públicos quanto os privados judiciosamente, enquanto aqueles que não sabem errarão na administração de ambos. (Sócrates, apud FERREIRA)


Chiavenato (ibid.) aborda alguns outros filósofos, como demonstrado a seguir.
Platão (429 a.C. - 347 a.C) ), que, em sua obra A república analisou problemas políticos e sociais do povo grego, em decorrência de seu desenvolvimento social e cultural e expôs a forma democrática de governo e de administração dos negócios públicos. Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), em seu livro, Política, distingue as três formas de administração pública:

1- Monarquia ou governo de um só;
2- Aristocracia ou governo de uma elite;
3- Democracia ou governo do povo.
Ao longo dos séculos outros filósofos influenciaram a administração. Dentre eles:
Francis Bacon (1561 – 1626), filósofo inglês, mostra a preocupação prática de separar experimentalmente o essencial do acidental ou acessório. Antecipou-se, assim, ao princípio da administração conhecido como Princípio da prevalência do principal sobre o acessório.
René Descartes (1596 - 1650), filósofo, matemático e físico francês, criador das coordenadas cartesianas ou método cartesiano, onde evidencia quatro princípios básicos para a administração:
1- Princípio da dúvida sistemática, ou da evidência, que consiste em somente aceitar como verdade algo que de forma claramente evidente, foi comprovado. Com a dúvida sistemática, evita-se precipitação.
2- princípio da análise ou de decomposição, que consiste em dividir e decompor dificuldades e problemas em quantas partes sejam possíveis e necessárias para resolvê-los separadamente.
3- Princípio da síntese ou da composição, que consiste em conduzir ordenadamente pensamento e raciocínio por objetivos e assuntos, a partir dos mais fáceis e, gradativamente, atingir os mais difíceis e complexos.
4- Princípio da enumeração ou da verificação que consiste em fazer recontagens, verificações e revisões abrangentes e gerais, assegurando nenhuma omissão ou qualquer assunto à parte. (CHIAVENATO)


Thomas Hobbes (1588 – 1679), filósofo inglês, em função de sua visão pessimista da humanidade defendeu o governo absoluto. Entendia ele que a humanidade livremente tende à guerra e conflitos permanentes para obtenção de meios de subsistência, por isso um governo que imponha ordem, organização da vida social, investido de poder seria necessário. Esse tipo de estado defendido por Hobbes deveria nascer de um pacto social, mas que ao crescer dominaria toda a sociedade, ameaçando a liberdade. Por outro lado o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778), desenvolveu a teoria do contrato social, onde o estado nasce de um acordo de vontades. Este acordo acontece entre os membros de uma sociedade, que reconhecem autoridade igual sobre todos, através de um regime político ou de um conjunto de regras. Rousseau garantia que o homem seria bom por natureza, mas que a vida em sociedade deturpa sua bondade natural.
Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895), apresentam uma teoria de origem econômica do estado.
Como as teorias propostas por Marx e Engels ganharam grande importância social, política e econômica, serão discutidas mais adiante, juntamente com a análise da influência dos economistas e empreendedores na administração.
Segundo Chiavenato (1997), a Igreja também deu sua contribuição à administração, utilizando-se de regras, normas, propósitos, objetivos e princípios fundamentais da administração, servindo, portanto, como elemento exemplar, pois, como o próprio Chiavenato (ibid.) afirma, hoje a igreja pode operar sua enorme organização mundial sob o comando de uma só cabeça executiva. A estrutura que a igreja montou é modelo para muitas empresas...
Chiavenato (ibid.) explica, ainda, a influência exercida pela organização militar no aparecimento das teorias da administração. A organização linear, o princípio da unidade e comando, a escala hierárquica, são aspectos típicos da organização militar.
Com o alcance maior e o âmbito continental das guerras, as organizações militares desenvolveram novos princípios de organização. Planejamento e controle centralizados em paralelo com operações descentralizadas: é o princípio da centralização do comando e da descentralização da execução.
Outras importantes contribuições da organização militar para a administração incluem a criação de órgãos de assessoria. O estado maior – (Staff) – para trabalhar junta ao comando – (Linha) -; o princípio de direção, que define que cada subordinado deve saber exatamente o que se espera dele; e, talvez, a grande contribuição para a moderna administração: o planejamento estratégico.

1.2 - INFLUÊNCIA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Mesmo reafirmando que o objeto desta pesquisa é o sistema financeiro e suas interligações com a sociedade e com o trabalhador bancário, é importante analisar a influência da Revolução Industrial em suas duas épocas, posto que de seu desenvolvimento surge à chamada Terceira Revolução Industrial, ou a Era da Informação.
A Primeira Revolução Industrial, que vai de 1780 a 1860, pode ser dividida em quatro fases:
1-Mecanização da indústria e da agricultura;
2-A aplicação da força motriz à indústria;
3-O desenvolvimento do sistema fabril;
4- Um espetacular aceleramento dos transportes e das comunicações.
É na Primeira Revolução Industrial que se inicia a transformação das oficinas artesanais em fábricas, obrigando a fusão de oficinas, para que fortalecidas, pudessem resistir à competição que se imponha. Os artesãos sem capital suficiente e/ou aqueles que não conseguiram se fundir a alguma fábrica mais desenvolvida se viram na situação de entregar sua mão-de-obra a utilização das organizações que surgiram transformando-se em operário assalariado, algo novo para a época.
A quarta fase da Primeira Revolução Industrial, a qual Chiavenato (1997) se refere como um espetacular aceleramento dos transportes e das comunicações, trouxe as invenções do telégrafo elétrico e do telefone, precipitando a Segunda Revolução Industrial, que traz como destaques:
· A substituição do ferro pelo aço, como matéria-prima básica;
· A substituição do vapor pela eletricidade e derivados do petróleo;
· Desenvolvimento da maquinaria automática;
· A especialização do trabalhador;
· O domínio da indústria pela ciência;
· O desenvolvimento das ferrovias;
· A construção em escala do automóvel;
· O desenvolvimento da produção em série ou em massa, através da linha
de montagem, por Henry Ford;
· As primeiras experiências aeronáuticas motorizadas bem sucedidas, com Santos Dumont.
É, no entanto, o desenvolvimento de novas formas de organização capitalista no limiar do século XX, que impõe importância à pesquisa ora apresentada.
A dominação da indústria por organizações bancárias e instituições financeiras e de crédito, as volumosas acumulações de capital, provenientes de trutes e fusões, a separação entre a propriedade e a direção das empresas e o surgimento da figura da “holding”, coordenando e integrando diversos negócios, levou ao crescente controle da economia por grupos financeiros, o que, não só perdura nos dias atuais, como parece perenizar-se, diversificando, com forte incremento por parte de fundos mútuos e previdenciários controlados por instituições bancárias.
A produção artesanal, através de “corporações de ofício”, foi substituída pela produção por máquinas, dentro de grandes fábricas forçou súbita transformação, como foi observado por Chiavenato:
· Transferência da habilidade do artesão para a máquina.
· Substituição da força do animal ou do músculo humano pela potência da máquina a vapor e depois pelo motor.
Surgia, então, a figura do operário especialista, afeito apenas a uma parcela da produção, em detrimento do generalista, que dominava todo o processo. Explode um mercado de trabalho ocupado por batalhões de operários, formando a nova classe proletária.

1.3 - INFLUÊNCIA DOS ECONOMISTAS
A partir do século XVII, uma variedade de teorias econômicas centradas na explicação dos fenômenos empresariais e baseadas em dados empíricos ganha corpo. Tais teorias representam a base do liberalismo. No entanto, somente no final do século XVIII é que os economistas clássicos liberais conseguem a aceitação de suas teorias.
Chiavenato (1997) aborda Smith, Will e Ricardo e se refere assim às idéias liberais:
[...] a ordem natural é a ordem mais perfeita. Os bens naturais, sociais e econômicos são os bens que possuem caráter eterno. Os direitos econômicos humanos são inalienáveis e existe uma harmonia preestabelecida em toda a coletividade de indivíduos. Segundo o liberalismo, a vida econômica deve afastar-se da influência estatal, pois o trabalho segue os princípios econômicos e a mão-de-obra está sujeita às mesmas leis da economia que regem o mercado de matérias-primas ou comércio internacional. Os operários, contudo, estão à mercê dos patrões, que são os donos dos meios de produção. A livre concorrência é o postulado principal do liberalismo econômico.


As sementes lançadas pelos economistas clássicos liberais constituem o arcabouço inicial do pensamento da administração moderna.
Adam Smith (1723 – 1790), economista escocês, é o fundador da economia clássica. Sua teoria tem como idéia central à competição. Smith defendia que nos mercados onde vigorasse a competição, o funcionamento da economia dar-se-ia de forma espontânea, confirmando a alocação mais eficiente dos recursos e da produção, ainda que os indivíduos agissem apenas em proveito próprio. Portanto, o papel do governo deveria se restringir a garantir lei e a ordem e intervir na economia somente quando não exista mercado ou quando este deixe de funcionar satisfatoriamente, ou seja, quando não ocorra a livre concorrência ou livre competição.
Smith vislumbrou o princípio da especialização e o princípio da divisão do trabalho e os explanou em sua mais conhecida obra: A riqueza das nações, publicada em 1776. Para Adam Smith, a origem da riqueza das grandes nações reside na divisão do trabalho e na especialização das tarefas. Preconizou, ainda, os estudos dos tempos e movimentos que, mais tarde, Taylor iria desenvolver como base fundamental da administração científica. Smith reforçou a importância do planejamento e da organização dentro das funções da administração.
James Will (1773 – 1836), também economista da escola liberal, sugeriu uma série de medidas relacionadas com os estudos dos tempos e movimentos em sua obra Elementos de economia política, publicada em 1826.
Em 1817, em Princípios de economia política e tributação, David Ricardo (1772 – 1823) aborda o trabalho como ítem de custo. Aborda ainda temas como capital, salário, renda, produção, preços e mercados.
A partir da segunda metade do século XIX, o liberalismo econômico perde sua influência, à medida que o capitalismo se agiganta, com o crescente número de fusões e aquisições formando enormes conglomerados industriais. Inicia-se a fase do chamado Capitalismo Industrial, calcado na produção em larga escala, com grandes concentrações de maquinaria e de mão-de-obra, criando situações bastante problemáticas de organização de trabalho, de ambiente, de concorrência econômica e de padrão de vida.
Conforme descrito por Chiavenato (ibid.), Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engel (1820 – 1895), publicam em 1848 o Manifesto Comunista e são, assim, considerados os criadores do socialismo científico e do materialismo histórico. Analisam os diversos regimes econômicos e sociais e principalmente a sociedade capitalista. Concluem que a luta de classes é o motor da história e que o estado é, sempre, um órgão a serviço da classe dominante.
Com a publicação em 1867 do primeiro volume de O Capital e a exposição das teorias a respeito da mais-valia, com base na teoria do valor-trabalho, Marx, neste aspecto, se junta a Adam Smith e David Ricardo, defendendo que o valor de toda mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzí-la. No entanto, Marx foi além. Expôs que a força de trabalho é uma mercadoria cujo valor é determinado pelos meios de subsistência do trabalhador. Portanto, se ele trabalhar além do número de horas suficientes para suprir suas necessidades de alimentos, roupas, moradia, transporte, etc... estará produzindo não apenas o valor correspondente ao de sua força de trabalho, que lhe é pago sob a forma de salário, mas estará produzindo um valor excedente, sem contra-partida, que Marx denominou mais-valia. É dessa fonte, o excedente não pago, que são tirados os lucros dos capitalistas, sejam eles agricultores, comerciantes, industriais ou banqueiros, além de fontes como terra, juros, etc... Marx defendia que a taxa de mais-valia era a relação entre a mais-valia e o salário. Portanto, inalterados os salários reais, a taxa de mais-valia elevar-se-ia quando a jornada de trabalho e/ou a intensidade do trabalho aumentasse. Para Marx seria essa relação que definiria o grau de exploração sobre o trabalhador.
Tanto por sua obra como por sua intensa militância política, Marx influenciou a visão social e econômica, oferecendo suporte ao desenvolvimento do socialismo e do sindicalismo, obrigando o capitalismo a buscar o máximo aperfeiçoamento dos fatores de produção e adequada remuneração da força de trabalho. Assim, quanto maior a pressão exercida pelo proletariado, menos graves se tornam as injustiças e mais acelerado e intenso o desenvolvimento tecnológico. Por conseguinte, acentua-se a necessidade de implantação de um sistema administrativo que viesse a fazer frente às crescentes demandas trabalhistas e sociais. O início do século XX assiste os primeiros esforços empresariais para implantar métodos e processos de racionalização do trabalho, com estudos metódicos e desenvolvidas exposições teóricas.



1.4 - INFLUÊNCIA DOS PIONEIROS E EMPREENDEDORES
O interesse em estudar a influência dos pioneiros empreendedores para a elaboração teórica desta pesquisa encontra ênfase na formação dos conglomerados por eles desenvolvidos. Aquilo que foi a base da transformação e do aprofundamento do capitalismo para a criação do chamado Capitalismo Industrial serviu de modelo para a formação e o desenvolvimento de organizações bancárias e financeiras. Quase um século depois estas organizações se fortaleceram e se agigantaram diante da produção, aprisionando os próprios conglomerados de então. A financeirização do capital e a extrapolação da territorialidade econômica colocam a produção dependente e escrava do sistema financeiro. O que foi um dia chamado de capitalismo industrial, está hoje submetido ao que podemos chamar de Capitalismo Financeiro.
A empresa integrada verticalmente se formava por meio da combinação: vários pequenos produtores de determinado bem se agregavam em uma combinação horizontal – uma federação – sob o controle de uma companhia holding. Essas alianças levaram a uma organização com escritórios centrais, permitindo a economia de escala por meio do processo padrão, a concentração da produção em fábricas e investimentos em pesquisa e desenvolvimento do produto. Isso fez com que o escritório central passasse a decidir as atividades das fábricas e filiais de vendas e compras. Essas unidades deixaram de ser dirigidas pelos antigos donos ou famílias associadas e passaram a ser administradas por gerentes assalariados. Assim fizeram as grandes corporações americanas como a Standard Oil e a American Bell Telephone. (CHIAVENATO)


A partir da segunda metade do século XIX, uma colossal mudança no cenário empresarial, impulsionada por invenções e inovações que mudaram a fisionomia do mundo e, conseqüentemente, das empresas, criou as condições para a consolidação da teoria administrativa. Mega empreendimentos e grandes fusões, inicialmente na Inglaterra e logo posteriormente nos Estados Unidos, anteciparam ações que seriam disseminadas mundo afora. A rápida urbanização norte americana, favorecida pelo desenvolvimento das ferrovias, criou novas necessidades de habitação, alimentação, vestuário e o fornecimento de serviços como luz, aquecimento, água, etc... Ao mesmo tempo, a urbanização e o desenvolvimento ferroviário criaram um grande mercado para o ferro e o aço.
Estavam dadas as condições para a formação de trustes. Pioneiros e empreendedores não perderam tempo. Chiavenato (1997) busca expor as ações de pioneiros e empreendedores. Carnegie funda o truste do aço, Swift e Armour fundam o truste das conservas, Guggenhein o do cobre e Mello o do alumínio.
John Rockefeller fundara em 1865, a Standard Oil, gigante do ramo petrolífero, que logo viria a tomar grande importância com a difusão dos motores a explosão, movidos por derivados de petróleo. Era a época dos criadores de impérios, que passaram a comprar e integrar concorrentes, controlando da ponta inicial da matéria-prima ao consumidor final, dominando fornecedores e distribuidores, garantindo, assim, seus interesses.
De acordo com Chiavenato (ibid.), em 1880, a Westinghouse e a General Eletric dominavam o ramo de bens duráveis e criaram organizações próprias de vendas, com vendedores treinados, iniciando o que hoje denominamos marketing. Controlavam, também, as matérias-primas, adquirindo fornecedores, e criando uma rede de distribuição, visando vender seu produto diretamente aos varejistas ou aos consumidores finais. Tais atitudes foram seguidas pela maioria das empresas americanas e por grande parte de empresas em outros países.
Os aglomerados de empresas se tornaram grandes demais, para serem dirigidos por pequenos grupos familiares ou mesmo societários. Logo apareceram os primeiros gerentes, os primeiros organizadores, inicialmente focados mais na fábrica e na produção, mas posteriormente alargando seu espectro de atuação para o conjunto da organização, abarcando a produção e a manufatura, as vendas e os escritórios distritais de vendedores, distribuídos em nível nacional. Criaram, para tanto, departamentos correlatos. Expandiram, ainda, departamentos técnicos de engenharia para desenho e desenvolvimento de produtos e departamento financeiro.
O grande desenvolvimento tecnológico, o livre-comércio, a mudança dos mercados vendedores para mercados compradores, o crescimento acelerado dos negócios e das empresas e o aumento da capacidade de investimento de capital, trouxeram condições propícias para a fundação de bases científicas para a melhoria das práticas empresariais e para o amadurecimento da teoria administrativa.
A Revolução Industrial abriu as portas para o início da Era Industrial, que passou a dominar o mundo econômico até o final do século XX e que foi o separador de águas entre países industrializados (os mais avançados) e os países não-industrializados (emergentes e subdesenvolvidos). E igualmente, as organizações mais bem administradas e aquelas precariamente administradas. (CHIAVENATO)

O terceiro quarto do século XX vislumbra o amanhecer da Era da Informação e, com o competente domínio da economia mundial por organizações financeiras e bancárias, assistimos o desenvolvimento do que podemos chamar de Capitalismo Financeiro.

1.5 - ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS E TEORIA CONTINGENCIAL
As considerações deste tópico são baseadas nas obras de Chiavenato (1997 e 1998), Maximiano (2000 e 2004) e, principalmente, de Peter Drucker.
Durante nossas vidas fazemos parte de algumas organizações, que podem ser formais ou informais. Todas as organizações das quais fazemos parte têm objetivos e metas, muitas desenvolvem métodos para alcançarem tais objetivos, algumas desenvolvem estratégias e definem verbas para que seus objetivos e metas sejam alcançados.
Existem muitos aspectos em comum entre as organizações. No entanto, um é essencial e sem o qual nenhuma organização existe, afinal todas as organizações são formadas por pessoas e por elas são administradas. As organizações estão inseridas na vida dos homens e são imprescindíveis para a fundamentação de suas vidas. As empresas servem os indivíduos que fazem parte da sociedade. Fornecem e preservam conhecimento e proporcionam carreiras.
A administração é tratada como a arte de fazer coisas através das pessoas. Administrar é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar. Este modelo foi desenvolvido pela administração ainda no século XIX, mas ainda hoje é usado. No entanto, na prática este modelo não acontece de forma estanque, mas sim de forma interativa, onde todos os passos interagem no processo administrativo. Organizações modernas incluem passos como liderar, motivar, conhecer, aprender, etc... mas o modelo principal permanece.
Contemporaneamente as empresas encaram cada funcionário como um administrador, posto que não havendo compromisso individual com os objetivos e metas organizacionais, a empresa encontrará dificuldades e forte resistência ao seu desenvolvimento. Dependendo da forma em que está estruturada a organização, existem diferentes maneiras como os administradores exercem as funções do processo administrativo. Assim, as pessoas responsáveis pelas atividades principais da administração são classificadas quanto ao nível e podem ser de primeira linha, médios e administradores de topo. Quanto à atividade desenvolvida dentro da organização, são classificados administradores funcionários ou administradores gerais. Em qualquer nível que se encontre um administrador, ele desenvolve as quatro funções do processo administrativo. Para tanto, todo e qualquer administrador necessita de habilidades técnicas, humanas e conceituais. Para a organização alcançar seus objetivos os administradores assumem diferentes papéis, dentre os quais o interpessoal, o informacional e o decisório.
Um dos maiores desafios das empresas hoje é sobreviver em um mundo globalizado e altamente competitivo, onde não existe lugar para empresas ruins, sequer medianas. É primordial identificar e satisfazer as necessidades e desejos de consumidores cada vez mais esclarecidos e exigentes. Neste ambiente competitivo, exigente e globalizado, os administradores precisam ter visão estratégica, ética, respeito às diversidades, facilidade de adaptação e prontidão para mudanças.
Importante para o desenvolvimento desta pesquisa uma breve revisão da Teoria Científica da Administração, estabelecida pioneiramente por Frederick Taylor.
Taylor baseou seu sistema no estudo dos tempos e movimentos, cronometrando os tempos e movimentos de operários siderúrgicos. Criou também o sistema de tarifas diferenciadas, onde o empresário remunerava seus funcionários por desempenho.
Henry L. Gantt reconsiderou o sistema de incentivos, excluindo o sistema de tarifas diferenciadas, pois acreditava ser pequena a estimulação motivacional do sistema. Acrescentou, para tanto, um sistema mais complexo e ainda mais diferenciado, onde vendedores recebiam bonificações por metas alcançadas. Os supervisores receberiam bonificações se cada vendedor, sob seu controle, atingisse a meta. Os diretores, caso cada supervisor sob sua direção atingisse as metas propostas, também receberiam bonificações. Gantt criou, ainda, uma ferramenta onde avaliava publicamente cada operário, através de um gráfico de desempenho e outra, onde também através de gráficos definia a programação da produção.
Na década de 1950, Peter Drucker desenvolveu a Administração por Objetivos (APO), que mais adiante será abordada neste trabalho para melhor fundamentação teórica.
É interessante, no entanto, notar que no ambiente organizacional que hoje vivemos, as empresas necessitam adaptar-se rapidamente às mudanças e às exigências competitivas que se apresentam. Portanto, a Abordagem Contingencial da Administração, onde não existe um modelo padrão de abordagem que funcione bem em qualquer ambiente ou situação, é a concepção técnico-administrativa que melhor contribui para o alcance dos objetivos, podendo variar em situações ou circunstâncias diferentes, focalizando, assim, os pormenores das relações intra e extraorganizacionais.
É notável, no entanto, perceber que as empresas mais bem estruturadas e com um sentido de administração mais apurado, premidas pela velocidade das mudanças e pela agressividade da competição, desenvolveram abordagens diferenciadas, individuais e customizadas.
Modelos foram criados e desenvolvidos e aplicados nos mais diferentes ramos de negócios onde cada empresa procurou individualizar o seu. No entanto, afora pormenores customizados, as abordagens desenvolvidas e métodos empregados são basicamente os mesmos.
Nosso estudo busca focar o setor bancário, um dos que melhor se apropriou dos avanços tecnológicos para o desenvolvimento de suas atividades e criou métodos próprios, muitas vezes distorcendo abordagens administrativas, para melhor atender seus interesses.
A nova abordagem das relações humanas corre em paralelo ao extraordinário desenvolvimento experimentado pelo setor bancário a partir do final da década de 1960. Esta nova abordagem das relações humanas tem entre seus conceitos os princípios da qualidade e busca explicar como as pessoas interagem nas organizações, revelando que as pessoas são sociais, intuitivas e criativas. Ainda apresenta regras de como tratar as pessoas, dentro dos aspectos da dignidade e do respeito. No entanto, esta nova abordagem administrativa é bastante distorcida pelo sistema financeiro, com o intuito de atingir apenas seus objetivos e interesses administrativos mais imediatos.
Chiavenato (1997) define a década de 1950 como marco na mudança do enfoque baseado no processo e nos meios de realizar atividades para o foco em atingir resultados através do trabalho mais relevante aos objetivos da organização para alcançar eficácia. Essa reformulação significou uma revolução na administração, posto que inverteu a lógica do trabalho; as pessoas e organizações deixam de se preocupar mais com o trabalho em si e buscam produzir resultados.
Estava aberta a porta para o surgimento de uma nova abordagem ou modelo administrativo que foi a Administração por Objetivos (APO), também chamada de administração por resultados. Essa abordagem é a base para metodologias administrativas aplicadas nos dias atuais; e, focalizando o objeto desta pesquisa, serve de modelo, ainda que um tanto quanto tortuoso, ao desenvolvimento do trabalho bancário.
Segundo Maximiano (2004), Administração por Objetivos (APO) é uma expressão cunhada por Peter Drucker em 1954, em seu livro A prática da administração. A APO é um procedimento para a aplicação prática das funções da administração: planejamento, organização, direção e controle.
As origens da abordagem de Drucker, no entanto, ainda segundo Maximiano, remontam a década de 1920, através das idéias de Alfred Sloan, desenvolvidas na General Motors, mas com base em práticas administrativas criadas na Companhia DuPont.
O pilar da filosofia de administração de Sloan era a definição de objetivos e a cobrança de resultados pela matriz da empresa. Às divisões cabia a responsabilidade pela operacionalização e a execução das atividades e tarefas. Essa prática acabou copiada por diversas empresas, mas ganhou ênfase na General Motors, onde Drucker a conheceu. Drucker acrescentou outros componentes e a chamou de Administração por Objetivos.
No livro A prática da administração, Drucker, nas palavras de Maximiano (ibid.):
[...] enfatizou a necessidade de definir objetivos e avaliar resultados em áreas-chaves de desempenho, tais como participação no mercado; inovação; produtividade; recursos físicos e financeiros; rentabilidade; desempenho e aprimoramento gerencial; desempenho e atitudes dos trabalhadores; responsabilidade pública.


A administração por objetivos difundiu-se como um processo participativo de estabelecimento de objetivos e avaliação do desempenho das pessoas. A base é o processo do qual participam a chefia (ou gerência) e sua equipe. Pode-se, ainda, indicar apenas um ou mais subordinados em particular, para deliberarem, em conjunto, avaliam o desempenho e os resultados. Esse processo participativo substitui o processo hierárquico, no qual os objetivos são transmitidos de cima para baixo, e, posteriormente, também de cima para baixo, são avaliados desempenho e resultados. A APO fez muito sucesso nos anos de 1960 e 1970. Declinou nos anos 1980 até a metade dos anos 1990. A partir de então, com métodos participativos substituindo os hierárquicos, a essência da APO não só se revigorou, como até tornou-se redundante.
Segundo Maximiano (ibid.), os três componentes da administração por objetivos, permanecem válidos em qualquer metodologia de administração.
I-Objetivos específicos: inicialmente as áreas principais de resultados ou de desempenho de uma equipe ou unidade da organização precisão ser identificadas. Para uma equipe de vendas, por exemplo, o volume de vendas e a quantidade de contatos feitos com clientes potenciais são áreas principais de resultados. Posteriormente, são estabelecidos objetivos que devem ser específicos e mensuráveis.
II-Tempo definido: com relação ao tempo para realização dos objetivos, o prazo também deve ser específico, utilizando-se prazos intermediários para verificação do desempenho.
III-Feedback sobre o desempenho: Ao longo do período, o desempenho da equipe precisa ser avaliado. No final do prazo estabelecido, deverá haver a avaliação dos resultados alcançados e um novo plano de ação definido para um novo período. Caso os objetivos não tenham sido plenamente alcançados ou, até, ficado muito aquém do esperado, um plano de ação deve ser implementado, como, por exemplo, um plano de reforço ou um programa de treinamento.
Estas são, tanto na visão de Chiavenato quanto na de Maximiano, as bases da Administração por Objetivos. Fazendo correlação com o objeto desta pesquisa, podemos inferir que o sistema bancário apropriou-se da metodologia, transformando-a em administração por resultados, ou pior, administração por metas, que é o que vigora nas relações de trabalho nos bancos, sob intensa pressão psicológica, visto que, deturpando por completo a essência da APO, a administração do sistema bancário por metas, submete os bancários a busca por resultados cada vez maiores, visto que a formação das metas se dá por elas mesmas, acrescidas de um percentual definido arbitrariamente pela alta administração. Ou seja, cada meta alcançada significa uma meta maior adiante. Por outro lado, cada meta não atingida representa uma ameaça velada de demissão. São a Teoria Situacional e a Administração por Objetivos exercidas ao extremo, posto que pela doutrina contingencial, a melhor maneira de administração irá depender do ambiente da organização, de sua tecnologia e vários outros fatores.
A Teoria da Contingência ou Situacional é, como afirmado por Chiavenato (1997), a mais recente das teorias administrativas. Basea sua ênfase no ambiente, focalizando a organização de fora para dentro. Embora, com certo exagero, esta teoria abriga uma condicionante ambiental, onde as características e o comportamento das organizações são determinados pelo ambiente onde atuam.
A visão contingencial impõe um imperativo tecnológico, onde a tecnologia constitui a variável independente que condiciona a estrutura e o comportamento organizacionais, que constituem as variáveis dependentes do sistema.
[...] até certo ponto, a organização funciona como um meio de se utilizar adequadamente a tecnologia que lhe permite produzir e distribuir seus produtos e serviços. E até certo ponto, a tecnologia influência fortemente as características pessoais e os conhecimentos que os membros organizacionais deverão oferecer do ponto de vista profissional. A tecnologia representa uma variável ambiental e uma variável organizacional, ou seja, uma variável exógena e uma variável endógena para as organizações. (CHIAVENATO)


A Teoria Contingencial é a mais eclética e interativa dentre todas as teorias que compõem a TGA. Além de considerar todas as contribuições das diversas teorias e abordagens anteriores, ela consegue abranger e bem dosar as variáveis básicas das mais modernas abordagens administrativas: tarefas, estrutura, pessoas, tecnologia e ambiente. Não é, senão, por outro motivo que o sistema financeiro abraçou, sistematizou e, até mesmo, customizou essa abordagem a seu favor, implementando-a fortemente em suas relações administrativas.
Segundo Maximiano (2004), há diversas teorias situacionais na administração, sendo corroboradas pela Teoria da liderança situacional e pelo Enfoque situacional na escolha da estrutura organizacional. Modernamente, podemos verificar sua aplicação no desenvolvimento organizacional de cada empresa. Por esta visão devemos atentar que o sistema bancário generalizou a sua aplicação, embora com enfoques secundários customizados para cada banco.



















CAPÍTULO 2 - A APRESENTAÇÃO DO OBJETO

2.1 - A REESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO NO BRASIL
2.1.1 - A Transformação do Dinheiro em Capital e a Relação com o Trabalhador bancário
Na sociedade capitalista contemporânea, os bancos desempenham um papel fundamental no processo econômico. Embora nada produzindo materialmente, sua forma particular de atuar no processo de acumulação capitalista coloca-os como repassadores dos recursos socialmente excedentes. O trabalho bancário, que se caracteriza basicamente pela manipulação do dinheiro e valores de outrem, coloca o trabalhador bancário em contato direto com a mercadoria-dinheiro, ou, na expressão de Lima Filho, a forma dinheiro da mercadoria como agente impulsionador do processo de reprodução do capital.
Citando Karl Marx, Lima Filho procura expor a profundidade interposta na sociedade pela cunha do capital, em seu movimento levado à extremada acumulação.
A circulação do dinheiro como capital é uma finalidade em si mesma, pois a valorização do valor só existe dentro desse movimento sempre renovado. Por isso o movimento do capital é insaciável. Como portador consciente desse movimento, o possuidor do dinheiro torna-se capitalista. Sua pessoa, ou melhor, seu bolso, é o ponto de partida e o ponto de retorno do dinheiro. O conteúdo objetivo daquela circulação – a valorização do valor – é a meta subjetiva, e só enquanto a apropriação crescente da riqueza abstrata é o único motivo indutor de suas operações, ele funciona como capitalista ou capital personificado, dotado de vontade e consciência. O valor de uso nunca deve ser tratado, portanto, como meta imediata do capitalismo. Tampouco o lucro isolado, mais apenas o incessante movimento do ganho. Esse impulso absoluto de enriquecimento, essa caça apaixonada do valor, é comum ao capitalista e ao entesourador. Mas enquanto o entesourador é apenas o capitalista demente, o capitalista é o entesourador racional. A multiplicação incessante do valor, pretendida pelo entesourador ao procurar salvar o dinheiro da circulação, é alcançada pelo capitalista mais esperto ao empregá-lo sempre de novo à circulação. (Karl Marx, apud LIMA FILHO)



Essencialmente, o trabalho bancário concretiza os valores de troca criados e viabiliza a apropriação daqueles valores excedentes pelo capital, transformando-os em capital produtor de juros, num processo em que dinheiro gera dinheiro. É, pois, nesse processo que a produção de mercadorias assume um caráter totalmente enigmático, posto que é na forma mais perfeita do valor – o dinheiro – que a dissimulação do significado do trabalho humano e das relações de produção no sistema capitalista se dá de maneira mais extrema.
O desenvolvimento do processo de concentração e centralização do capital tende a fazer com que o capital financeiro assuma a hegemonia deste processo. Aparentemente o sistema financeiro apresenta a capacidade de expandir o capital sem a necessidade de passá-lo através de qualquer processo produtivo. No entanto, existe uma relação essencial no mundo da produção e circulação de mercadorias, que concentra a apropriação da mais-valia e onde se dá a transformação do dinheiro em capital, que se viabiliza pela concretização da mercadoria força de trabalho que, sendo consumida, cria valor. Apresenta-se, assim, uma dupla relação. Uma que caracteriza a prática do capital financeiro pela personificação da relação capital-juros onde o capital é venerado como se fosse um valor que valoriza a si mesmo; e outra que inter-relaciona os capitalistas banqueiros e os trabalhadores bancários, onde juro não é encarado como mercadoria produzida pelo trabalho bancário, mas como mercadoria diretamente relacionada como próprio capital, ou seja, como relação entre capitalistas. Assim, a força de trabalho bancário que deveria adquirir crescente importância na economia mundial, à medida que o sistema financeiro se expande e cresce a complexidade do capitalismo monopolista, ampliando os fluxos de moedas em circulação, exigindo maior agilidade na circulação de mercadorias e rotação de capital, é, particularmente, no caso brasileiro, relegada a um plano inferior, criando um sofrimento não reconhecido, provocado pela organização do trabalho, descrito por Christophe Dejours, em sua obra A Loucura do trabalho.


2.2 - CONCENTRAÇÃO E CENTRALIZAÇÃO NO SETOR FINANCEIRO
Segundo Lima Filho, a Reforma Bancária implementada na década de 1960, possibilitou uma maior especialização das atividades financeiras, favorecendo o surgimento de instituições especializadas em captar e aplicar recursos a médio e longo prazo - financeiras, bancos de investimentos, seguradoras, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimos, etc. As medidas incentivavam a concorrência, no entanto, permitiram que grandes bancos operassem, de forma livre, empresas financeiras não bancárias, concentrando a riqueza privada, estimulando o desenvolvimento de monopólios e o aumento da especulação financeira. Num espaço de apenas oito anos, entre fins de 1964 e início de 1972, cerca de 135 bancos haviam sido incorporados e 10 outros passaram por processo de fusão.
Demonstrando que o processo de concentração do capital financeiro no Brasil ainda iria se intensificar, Lima Filho expõe que, enquanto em 1964 o número de estabelecimentos bancários era de 336, em 1985 passou para 108, sendo 68 de capital privado nacional, 13 estrangeiros, 23 oficiais estaduais e 04 oficiais federais. Formaram-se, assim, poderosos conglomerados financeiros, com atuação tanto na captação como na aplicação de recursos de diversos segmentos do mercado. Como exemplo dessa concentração e exploração da força de trabalho, Lima Filho aponta o caso do BRADESCO, que em 1964 empregava cerca de 4 mil funcionários distribuídos em uma rede de 200 agências. Em 1985 esse número aumentou para 1.916 agências, com 159 mil funcionários. Tomando-se os dez maiores bancos privados nacionais, o BRADESCO era o banco que apresentava o maior lucro líquido e o que pagava o menor salário médio a seus funcionários.
A partir das novas funções exercidas pelos bancos, crescem vertiginosamente a quantidade de serviços prestados à população, assim como as operações realizadas através da rede de agências. Com a forte concorrência bancária, os bancos passam a disputar clientela, mantendo-a cada vez mais dependente dos serviços bancários, como pagamento de contas e recebimentos de seus vencimentos.
A população passa de usuária a refém do sistema bancário. As mudanças no perfil dos bancos e no processo de trabalho bancário reforçam o atendimento na rede de agências, transformadas em verdadeiros “pontos de venda”. Já não bastam mais apenas os serviços de pagamentos e recebimentos. Operacionalmente os bancos passam a orientar seus esforços para a venda de papéis e serviços diversos, os chamados produtos bancários. Cresce a pressão sobre os trabalhadores, agora transformados em vendedores desses “produtos”. É interessante ressaltar o crescimento da participação de contingente feminino na categoria bancária. No entanto, são as mulheres alocadas principalmente no atendimento direto ao público, majoritariamente masculino.
A concentração do capital financeiro e a ampliação do papel das instituições financeiras, somadas às novas formas de organização e controle do trabalho bancário, propiciam as condições para a introdução das novas tecnologias de automação de serviços. A introdução de máquinas destinadas aos lançamentos em fichas de controle, autenticadoras de caixa, calculadoras de juros, entre outras, faz com que o processo de automação ganhe nova dimensão, levando o setor bancário à implantação de centros de processamentos de dados (CPDs). É o inicio da informatização dos serviços bancários, com a utilização de grandes computadores, que processam a noite os lançamentos e as operações do dia nas contas dos correntistas, emitindo, na manhã seguinte, listagens atualizadas de movimentação. Os CPDs passam a centralizar diversas tarefas que, até então, eram executadas nas próprias agências, controlando informações e possibilitando a concentração do poder decisório de todo o conglomerado. A estratégia é acelerar as decisões gerenciais. Para tanto, são desenvolvidos sistemas de apoio gerencial, possibilitando o acompanhamento em tempo reduzido dos resultados para as gerências e a alta administração.

Na década de 1980, os bancos investem nos terminais automáticos de atendimentos ao público – os terminais ATM (automatic teller machine) -, além dos terminais de saque e nos cartões magnéticos. Neste modelo os clientes são atingidos com a instalação das agências on line, tornando-os totalmente dependentes dos CPDs. Nesta fase, a automação dos serviços passa das tarefas de retaguarda para atingir diretamente as atividades fins. Os usuários agora, além de reféns do sistema bancário, são também co-partícipes do processo de produção. A automação passa à condição de vedete, e é vendida pela área de propaganda e marketing como diferencial de modernidade, conforto, rapidez e eficiência.
Com o desenvolvimento e o fluxo de investimentos na área de informática, os sistemas são interligados e integrados on line, mudando de forma substancial o funcionamento e a concepção das agências, assim como as práticas de trabalho dos bancários.
Na década de 1990, os investimentos se concentram na tecnologia da micro-eletrônica, deslocando para fora das agências bancárias procedimentos como captura e transferência de dados e informações, interpondo-os nas residências, lojas e escritórios. A velocidade do processo de informatização procura, assim, responder satisfatoriamente à maximização dos lucros, pela ampliação da eficiência e agilidade das inversões de capital. Conforme dados apresentados por Lima Filho, em dezembro de 1981 estavam instaladas no país 63 agências bancárias automatizadas. Em junho de 1982, já eram 195 agências bancárias automatizadas; em setembro, 288; saltando para 480 em dezembro do mesmo ano.
A conjuntura econômica brasileira que se apresenta durante a década de 1980, remonta a diretrizes substanciadas na segunda metade da década 1960 e década de 1970. As reformas Bancárias e do Mercado de Capitais, o Programa de Ação Econômica do Governo, a criação de fundos como o FGTS e o PIS/PASEP e o repasse dos serviços de arrecadação de impostos, taxas e cobranças de empresas públicas, bem como a transferência de recursos públicos para a rede bancária privada, o financiamento externo, como forma de garantir os investimentos em diversos segmentos produtivos, em especial a produção de insumos industriais estratégicos, além de projetos de infra-estrutura e projetos da indústria de bens de capital, fazem o Brasil emergir num ciclo de expansão conhecido como “milagre econômico”, mas que a partir da segunda metade da década de 1970 entra em fase de desaceleração, em função do crescente endividamento externo público e privado e ao exagerado endividamento público interno, colocando, assim, também o governo e a sociedade nas mãos do sistema financeiro nacional e internacional. São, agora, todos reféns do sistema bancário. A correção monetária, a criação do mercado de títulos públicos e a captação de poupança pública como base do Sistema Financeiro da Habitação, foram esteio da expansão do sistema bancário nacional, mas que ao final da década de 1970, acoplados à aceleração inflacionária, transformaram este mesmo sistema num monstro capaz de estender seus tentáculos a todos os setores da economia nacional. A década de 1980 é chamada por muitos como a década perdida. Para os trabalhadores e para uma parcela significativa do setor produtivo nacional, sim. Para o sistema bancário, certamente não.

2.3 – A CONSOLIDAÇÃO DA HEGEMONIA DO SETOR FINANCEIRO NACIONAL
Segundo Lima Filho, o final da década de 1980 é marcado pela redefinição das estratégias empresariais diante das novas conjunturas políticas e econômicas mundiais. O Brasil renasce com uma nova Constituição. Internacionalmente o neoliberalismo dá mostras de força e internamente algumas medidas diretamente relacionadas ao sistema bancário são implementadas. Mais uma vez medidas que vem beneficiar o sistema financeiro, diante de rápidas mudanças e rupturas que se avizinham. O fim das cartas-patentes e a instituição dos bancos múltiplos, servem de mote para a explosão do número de “bancos de atacado” ou “bancos de negócios”, segmento formado por instituições de pequeno porte, dedicadas ao atendimento de grandes empresas e à operações de engenharia financeira, como fusões e incorporações de empresas e, posteriormente, à montagem de operações de privatização de empresas estatais.
Baseando-se em diversos artigos sobre essa época, Lima Filho descreve:
O sistema financeiro passou por importantes transformações nas últimas duas décadas, cujas características básicas são a desregulamentação dos mercados e a liberalização dos fluxos de capitais. Tais mudanças permitiram ao capital transitar com liberdade entre países, baseado na adoção de novos instrumentos financeiros, nas facilidades proporcionadas pelos avanços das telecomunicações e da informática e, especialmente, nas medidas governamentais de toda ordem. O quadro mais amplo onde se inscrevem essas transformações corresponde à fase contemporânea do capitalismo, objeto de várias denominações: “financeirização global da riqueza”, “acumulação sob dominância financeira” ou até “tirania financeira”. Sua essência está na elevada transferência de recursos excedentes para a órbita financeira – vale dizer para as instruções financeiras e para aqueles segmentos empresariais e sociais que também compartilham desta vantagem
.

Uma nova fase de ajustes dos bancos acontece sob o impacto do confisco dos ativos financeiros pelo Plano Collor I, em março de 1990. O plano impôs uma violenta redução das disponibilidades e dos recursos captados, além de uma crise de confiança no sistema financeiro por parte dos agentes econômicos e da população. A reação imediata do setor financeiro traduz-se em uma grande onda de demissões. Os trabalhadores bancários já haviam experimentado o mesmo e amargo veneno destilado pelos bancos quando do Plano Cruzado I. Ao analisarmos a evolução do emprego no setor, num espaço de dez anos, podemos ter noção do quanto foi poderoso o veneno e quão grande foi sua dose: enquanto em 1985, a categoria bancária, em nível nacional, ultrapassava a casa de 1 milhão de trabalhadores, em 1989 esse número caíra para cerca de 815 mil. Quatro anos mais, em 1993, encontrava-se em torno de 680 mil trabalhadores, e em 1994, pouco mais de 649 mil postos de trabalho estavam ocupados.
Paralelo a onda de demissões, crescem os investimentos em automação. Em apenas dois anos, os bancos investiram 4,8 bilhões de dólares. Segundo Lima Filho, em 1991 o investimento atingiu US$ 1,8 bilhão, saltando para US$ 3,0 bilhões em 1993, com grande concentração de aportes no auto-atendimento. Esta concentração revela a tendência do setor bancário em direcionar o atendimento personalizado aos clientes de rendas mais elevadas, relegando ao grosso da clientela a utilização dos caixas eletrônicos. Entre final de 1991 e final de 1992 o número de cartões magnéticos quase dobrou, atingindo a marca de 40 milhões de cartões, para uma população economicamente ativa em torno de 63 milhões de pessoas. Em 1992, a média mensal de operações em terminais eletrônicos foi de 42,4 milhões; um aumento de 116,33% em relação ao ano de 1991.
Para se adaptar à nova conjuntura, baseada na estabilidade econômica e controle inflacionário, os bancos operam uma mudança de perfil dos seus produtos e serviços, focando a venda de seguros, planos de previdência privada, títulos de capitalização e a expansão do crédito direto ao consumidor; especializando-se em operações financeiras de médio e longo prazo, mais adequadas a um cenário de baixa inflação. Em seu estudo Lima Filho expõe:
Durante os anos 90, observa-se o fortalecimento de algumas instituições mais ágeis no sentido de operar em um sistema financeiro globalizado, otimizando a rede de contatos externos e o uso de novos instrumentos de engenharia financeira, incluindo derivativos, operando no gerenciamento de recursos internos e externos, e nas oportunidades geradas pela privatização. Nesta última, a participação tem ocorrido tanto no processo prévio (avaliação e desenho do projeto de privatização) como na compra de ações das empresas privatizadas. Trata-se também, de instituições ativas em termos de participação ou controle acionário de empresas de porte dentro do país, competindo também neste terreno com grupos financeiros tradicionais. Vai-se construindo, assim, o “novo” tipo de banqueiro.


Com o aprofundamento do processo de reestruturação, os bancos buscam maior flexibilização para operarem a transição de um modelo baseado em grandes bancos de varejo, lastreado por altas taxas de inflação e massificação de atendimento para um modelo configurado por baixas taxas inflacionárias e reduzida margem para especulação. Buscam, assim, redefinir seu próprio conceito de atividade bancária.
A seguir uma comparação analítica, demonstrando a concentração econômica ocorrida na transição da década de 1970 até a década de 1990, especialmente em relação ao setor financeiro.

TABELA 1
PARTICIPAÇÃO DA RECEITA DOS 100 MAIORES GRUPOS PRIVADOS NO PRODUTO INTERNO BRUTO (%)

DÉCADA DE 1970
DÉCADA DE 1990
INDUSTRIAIS
6,0
9,0
COMERCIAIS
3,0
4,5
CONSTRUÇÃO
2,5
5,0
SERVIÇOS
1,0
1,5
FINANCEIROS
10,0
25,0
Fonte: IBGE / Gazeta Mercantil (apud Lima Filho)
A tabela acima demonstra o aprofundamento da concentração econômica, onde a participação dos 100 maiores grupos privados de apenas cinco segmentos econômicos dobrou em duas décadas. Destaque para o segmento financeiro, que pulou de uma participação de 10% no PIB, para 25%, ou seja, um incremento de 150% na participação do setor.

2.4 - ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E ESPECIALIZAÇÃO FLEXÍVEL
Os critérios de organização do trabalho hoje utilizados pelas empresas tendem a concentrar funções múltiplas em um único trabalhador. Processos de informatização flexível, métodos diferenciados de gestão e programas de emulação, como os de qualidade total, viabilizam a concentração multifuncional do trabalhor. Nesse sentido, a operação simultânea de mais de uma máquina, bem como tarefas rotineiras como as de inspeção de qualidade e manutenção dos sistemas são agregados, formando o que é chamado de polivalência, são amplamente utilizadas por diversos setores, visando reduzir custos com pessoal, eliminando quadros de inspetores de produção e de manutenção, bem como reduzindo o número de operadores. Embora variando o nível da especialização flexível, de um setor para outro, o fenômeno é visualizado mundialmente. No entanto, a especialização flexível exige uma força de trabalho altamente qualificada e polivalente.
Conceitos como trabalhador multifuncional e trabalhador multiqualificado são apresentados por Lima Filho como parte do repertório das empresas de todos os setores da economia. Esse “repertório” expõe os trabalhadores a um profundo desgaste físico e psicológico, levando de forma cada vez mais freqüente ao adoecimento. Contudo, como sua pesquisa é baseada preferencialmente no trabalhador bancário, tanto Lima Filho, como Conceição Silva, Merlo e Barbarini, descrevem alguns aspectos, que, embora atinjam os mais diversos tipos de trabalhadores, encontram no trabalhador bancário campo fértil para sua disseminação. Tais aspectos englobam além de doenças, distúrbios e síndromes como as lesões por esforço repetitvo (LER), distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), síndrome do pânico, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), estresse cotidiano, confusão mental e algumas outras doenças mentais, também descritas por Dejours.
[...] O que se tem verificado na prática, é que sob o conceito da polivalência multifuncional, se oculta um processo de intensificação do trabalho pela concentração de várias tarefas, antes desenvolvidas por trabalhadores diferentes, em um só trabalhador. Além da redução de postos de trabalho, este processo tem resultado num aumento considerável de adoecimento físico e psicológico, devido principalmente ao excesso de pressão pelo cumprimento de metas, que são estipuladas pelas gerências de produção. [...] Além dos elementos endógenos ao processo de produção que atuam sobre o trabalhador no modelo da “especialização flexível”, sujeitando seu corpo e sua subjetividade, existem os da própria estrutura social que daí deriva, onde o novo e precário mundo do trabalho se coloca como fator desestabilizante. Neste contexto, ter emprego estável coexiste com o receio de passar do núcleo para a periferia dos subcontratados de diferentes tipos. (LIMA FILHO)


Conceição Silva aborda a questão do aumento da escolaridade entre os trabalhadores bancários e sua melhor qualificação, conquistadas quase que exclusivamente pela via individual, posto que as instituições financeiras apenas reservam tempo, espaço e verbas para cursos de aperfeiçoamento específico e, mesmo assim, para trabalhadores já altamente qualificados. Não obstante, os bancos exigem cada vez mais, melhores qualificações de seus empregados. Em um modelo em que a tecnologia é tratada como expressão autônoma da produção material e simbólica e a ciência é limitada a sua finalidade prática, ambas são usadas como instrumento de valorização e reprodução do capital. Daí, a mudança do conceito de formação profissional para os conceitos de competências (criatividade, responsabilidade, iniciativa, etc...) e empregabilidade utilizados nos dias de hoje.
Portanto, mesmo que se estabeleçam metas e formas de aferição, o fato é que a responsabilidade por ter ou não um emprego, sua qualidade ou precariedade, recairá sempre sobre o trabalhador, independente das restrições impostas pela qualidade do ensino, da função a ser exercida e outras questões impostas pelas mazelas de um Estado cujos recursos para políticas públicas são cada vez mais canalizados para estabilizar as crises do capital.

2.5 - O NOVO PERFIL DO TRABALHADOR BANCÁRIO
Os efeitos no gerenciamento e controle das movimentações financeiras, a profunda mudança no atendimento ao público, a introdução de novos processos informatizados e nova gestão de pessoal, criaram um novo perfil na categoria bancária. Com o crescimento da estrutura dos bancos, os Departamentos de Pessoal são transformados em Gerências de Recursos Humanos, que logo recebem status de diretoria no organograma das instituições. Passa-se de um quadro onde as tarefas dos trabalhadores bancários eram centralizadas nas agências e que abrangiam a escrituração de operações cotidianas, atualização de contas, arquivos, cálculo de juros, balancetes, informações cadastrais, etc... para uma centralização nos departamentos das matrizes, que determinam o tempo de execução de cada tarefa, impondo ritmo de trabalho e cotas de produtividade. O bancário especializado, conhecedor do movimento financeiro do próprio banco, dá lugar a um profissional realizador de tarefas repetitivas, fragmentadas e bitolantes, cujo ritmo de trabalho é determinado por máquinas.
Como conseqüência desse processo de desqualificação da profissão, sobretudo nas atividades-fim como atendimento ao público, nas agências, as exigências de conhecimentos específicos para a contratação de novos bancários são diminuídas. No entanto, a existência de um grande contingente de jovens altamente qualificados que não encontra colocação no mercado de trabalho, leva os bancos a exigirem como pré-condição em seus processos seletivos, um nível de escolaridade acima das reais necessidades das tarefas para as quais serão alocados os novos contratados. Os bancos passam a dar preferência a jovens sem experiência anterior, que serão treinados rapidamente em cursos específicos, com ênfase na disciplina e na noção do serviço para o qual será designado. Em contrapartida, no entanto, estes novos contratados enxergam-se, não como bancários, mas como “estando bancários”, na expectativa de melhores condições futuras em outras profissões, enquanto mantêm-se sob a guarda de um salário e de alguns benefícios sociais. Este tipo de mentalidade somente corrobora a ação de gestão de pessoal implementada pelos bancos, baseada na alta rotatividade da força de trabalho, como bem demonstram Lima Filho e Conceição Silva em suas pesquisas. Como conseqüência principal a categoria enfrenta profundo arrocho salarial e perda de representatividade.
Uma análise mais aprofundada da questão do emprego no setor bancário pode lançar uma luz sobre alguns elementos aparentemente contraditórios. Como vimos, a opção pelos investimentos maciços na automação dos serviços bancários se deu, num primeiro momento, como estratégia do capital financeiro para expandir sua atuação [...] realizando lucros crescentes e pagando salários baixos, a automação serviu não só aos objetivos de ganhar mercado, reduzir custos e agilizar as operações [...] como diferencial, através de amplas campanhas de propaganda centradas nas inovações da tecnologia eletrônica, num mercado altamente competitivo. (LIMA FILHO)


A partir de 1986, com a implantação do Plano Cruzado, o setor bancário, em particular a rede privada, inicia um processo de enxugamento, aprofundando ainda mais o processo de downsizing que o setor vinha experimentando com a implementação de doutrinas administrativas, que incluíam, também, o empoderamento (empowerment), eliminando, gradativamente, níveis hierárquicos dentro das estruturas, em especial nas agências, exigindo maiores responsabilidades e maiores riscos, sem uma contrapartida salarial. Com pequenas variações, o sistema financeiro e os bancários enfrentaram os planos econômicos posteriores, culminando com o Plano Real, que impôs profundas rupturas no inter-relacionamento do setor bancário com a sociedade, o setor produtivo e os trabalhadores bancários.
Desde então, o emprego decresceu ainda mais, os juros reais atingiram níveis absurdos, os lucros são maiores a cada ano, a produtividade, incrementada cada vez mais pela informatização, cresceu continuamente, os bancos ampliaram as áreas de automação, extrapolando o ambiente das agências e das salas de auto-atendimento, através dos chamados internet banking e home banking, aumentando a importância da questão tecnológica na competição intra-setorial, condicionando o desempenho dos bancos em relação aos ganhos de produtividade.

2.6 - TERCEIRIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO BANCÁRIO
O processo de terceirização originou-se nos Estados Unidos, logo após a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Dirigiu-se, inicialmente, às indústrias bélicas, pois à época precisavam se concentrar no desenvolvimento e na produção de armamentos, passando a delegar algumas atividades a empresas portadoras de serviços. O processo mostrou-se positivo e logo foi abraçado pela administração de diversas empresas, muito em função também da guerra, que retirava mão-de-obra da produção. Mesmo a grande utilização do trabalho feminino não dava conta da produção para o esforço de guerra e da produção em geral, que precisava continuar. Com isso, o processo de terceirização fincou bases nas empresas americanas e espalhou-se mundo afora, como técnica de administração, baseada em um processo de gestão que tem critério de aplicação, como início, meio e fim; uma visão temporal, de curto, médio e longo prazo; e uma ótica estratégica, estabelecida para alcançar os objetivos determinados pela organização.
A técnica foi aplicada em princípio, em larga escala, nas pequenas empresas. No entanto, logo as grandes organizações perceberam o impacto que a terceirização poderia gerar. As primeiras experiências resultaram no processo conhecido como downsizing, que eliminava níveis hierárquicos, enxugando o organograma e reduzindo o número de cargos. Como conseqüência, abriram espaço para a utilização de mão-de-obra não ligada diretamente à empresa, expandindo, assim, um novo processo, conhecido como outsourcing ou, simplesmente, terceirização.
A reestruturação dos bancos na área administrativa seguiu, em linhas gerais, com algumas adaptações e customizações, os processos registrados no demais setores produtivos de redução de níveis hierárquicos, flexibilização e polivalência de funções. A terceirização já experimentada pelo setor nas áreas de faxina, serviços de copa e cozinha, manutenção, vigilância e segurança, aprofunda-se para áreas consideradas como núcleo das atividades operacionais dos bancos, como a de informática. Os centros de processamentos de dados, compensação, microfilmagem de cheques e documentos, cobrança, contabilidade, digitação e, até mesmo, os departamentos jurídicos e de pessoal, passam a ser terceirizados. Nas agências são criados expedientes internos e externos, onde contínuos, atendentes e escriturários são substituídos por empregados de firmas contratadas, ou seja, uma gama de vagas, até então ocupadas por bancários, são agora ocupadas por trabalhadores não bancários.
À estratégia de focalização nas atividades de negócios dos bancos Lima Filho refere-se como elitização do atendimento.
A transferência de atividades como pagamento de contas públicas e benefícios previdenciários para agências de correios e casas lotéricas; assim como a criação de pontos de atendimento franqueados, onde a contratação de pessoal passa a ser integralmente feita pela franqueada, e de canais alternativos para prestação de serviços e atendimento, como débito automático de contas mediante autorização e atendimento a domicílio para clientes preferenciais, demonstram que a terceirização e a automação do atendimento ao público visam esvaziar as agências bancárias e deslocar o quadro funcional dos bancos para o atendimento personalizado aos clientes de rendas mais elevadas. (LIMA FILHO)

A terceirização serviu como forma de burlar conquistas trabalhistas históricas do movimento sindical, como a jornada de seis horas, pisos salariais de ingresso e quadro de carreiras. Em vários setores, como compensação de cheques e informática, são contratadas firmas especializadas para a realização do trabalho bancário. No entanto, tais firmas registram seus trabalhadores em outras categorias, como comerciários ou profissionais em processamento de dados, dividindo a base e gerando impacto negativo sobre o número de integrantes da categoria bancária.
Com a precarização, ficam os trabalhadores terceirizados submetidos a regimes de trabalho de maior duração, menor remuneração e, praticamente, nenhum benefício, como auxílio alimentação e plano de saúde.
A informatização associada ao processo de terceirização de funções teve como conseqüência a diminuição do número de empregados por agência. Como exemplo, o Banco Itaú empregava em média 56 funcionários por agência em 1991. Em 1993, esse contingente foi reduzido para 41 funcionários, em média. No terceiro capítulo, serão apresentadas algumas tabelas que bem representam todas as mudanças operadas pelo setor financeiro/bancário ao longo dos últimos anos.

2.7 - O PREDOMÍNIO DOS BANCOS E OS AGENTES SOCIAIS
É inegável a participação direta de nomes vinculados às instituições financeiras nacionais ou internacionais, em postos-chave da estrutura do Estado. Assim como, também, não se nega a participação, através de apoio logístico e financeiro de banqueiros a candidatos a cargos eletivos, inclusive governadores e presidentes. É inconteste a força e a pressão exercida pelo poder econômico nas esferas do executivo, legislativo e judiciário. No que se refere a elementos que demonstram a força do setor financeiro na definição de políticas governamentais que reforcem sua hegemonia, seja nas privatizações de bancos estatais ou na abertura à participação de instituições financeiras ou na liberdade de movimentação de seus ativos, reforçam a crença de que este movimento está intimamente ligado ao avanço das políticas neoliberais e ao processo de financeirização global da riqueza.
A partir da segunda metade da década de 1990, com a implantação do Plano Real, uma nova onda de centralização dos bancos e instituições financeiras se reforçou. A influência exercida por grupos financeiros sobre o Estado se consolidou, principalmente pelo seu caráter de agentes privilegiados das operações econômicas. Portanto, esta hegemonia só é possível em função do alto grau de concentração do sistema financeiro, fortalecendo seu poder econômico no gerenciamento do imenso volume de capitais em circulação e na definição das políticas macroeconômicas aplicadas ao país, conforme pensamentos desenvolvidos por Lima Filho e Conceição Silva em seus trabalhos.













CAPÍTULO 3 – A CORRELAÇÃO
3.1 – A ANÁLISE DA PESQUISA
Neste terceiro capítulo procuraremos demonstrar o abismo que se aprofunda entre a sociedade, a produção, aí incluídos os trabalhadores bancários, e o sistema financeiro.
O poder econômico, de vez consolidado, permitiu o controle de parcela preponderante dos agentes sociais. A dissimulação nas ações políticas permeia a relação entre o Estado e o sistema financeiro. Os bancos participam diretamente em, pelo menos, um quarto do produto interno bruto. No entanto, indiretamente controlam, via fundos mútuos e de participações, parcela importante deste mesmo produto interno bruto, contudo não mensurada, posto a volatilidade dos recursos aplicados, que, embora não pertençam aos bancos, são por eles alocados sob o interesse do momento, recriando a ciranda financeira, sob a forma da pura especulação. A autoridade monetária, o Banco Central, transformado em mero cartório autenticador dos interesses do sistema financeiro nacional e internacional, sob a falsa égide da defesa da moeda, eleva os juros, garantindo o processo impulsionador de reprodução do capital. Por outro lado, sacrifica o processo produtivo, inibindo seu desenvolvimento e incentivando a especulação, visto que o mercado de capitais já não serve à produção, mais sim a acumulação.
Ao trabalhador bancário, por sua vez, é imposta carga excessiva de tarefas e responsabilidades, levando a níveis alarmantes de ruptura, como adiante será mostrado.
Conceição Silva conclui em sua pesquisa que o Brasil está submetido aos interesses do capital financeiro, em especial do capital estrangeiro, frente à submissão ao capitalismo dos países centrais, como opção política de nossos governantes. A doutrina de liberalização econômica, as privatizações e o ajuste fiscal implementados durante a década de 1990 introduziram no país um processo de reestruturação produtiva determinado pela concentração dos capitais e pelo desenvolvimento das tecnologias de base microeletrônicas.
Os períodos de alta inflação possibilitaram aos bancos elevados ganhos. Porém, com os planos de estabilização econômica, a abertura ao capital internacional, o significativo aumento na concorrência, os bancos perderam sua principal fonte de renda e partiram para uma reestruturação que configurou, no atendimento eletrônico e virtual, seu afastamento do conjunto da sociedade e aprofundou a eliminação de postos de trabalho.
Contudo, como demonstra Larangeira, apenas 30% da população adulta brasileira é, de fato, vinculada ao sistema bancário. Nos Estados Unidos essa parcela é de 90%. Este dado faz crer que o sistema bancário brasileiro tem imenso potencial de crescimento. Importa saber se é de seu interesse ocupar este espaço. No entanto, como a mesma autora lembra, políticas de exclusão levaram à saturação do mercado bancários em países como França, Alemanha e Inglaterra, criando, nestes países, nova corrida à concentração e centralização. É, portanto, um mercado aberto à atuação do Administrador, por conter oportunidades ímpares e desafios engrandecedores. Por ser um profissional direcionado às questões humanas, o administrador tem a chance de encontrar no sistema bancário campo propício ao exercício de suas habilidades, posto que, a confirmar a atual configuração do setor, em breve, como demonstrado por Lima Filho, Conceição Silva, Larangeira e outros autores, o trabalhador bancário estará extinto e com ele a própria lógica do serviço bancário. Por certo tal catástrofe não ocorrerá, pois o sistema financeiro/bancário com seu poder econômico e político, domínio da situação e forte conhecedor do marketing e ciente da situação, agirá com mãos de ferro, a fim de garantir seus privilégios. Fenômeno semelhante ocorreu nos Estados Unidos, quando o sistema bancário terceirizou tanto seus serviços que, em dado momento, se viu sob a concorrência dos próprios terceirizados, estes com custos bem menores e capilaridade social mais ampla. Os bancos americanos premidos por tal situação agiram, forçando a recuperação de serviços entregues à terceiros, aumentaram as contratações de pessoal e hoje, como já demonstrado, abarcam 90% da população adulta americana como seus clientes diretos. Nesse sentido, é primordial lembrar a grande importância que as cooperativas gerais e, especialmente, as de crédito têm no mercado norte americano. No Brasil, o cooperativismo está apenas engatinhando, mas poderá ser uma excelente alternativa para juros altos e crédito cada vez mais restrito.

3.2 – UMA RÁPIDA ANÁLISE DE DADOS
Não é objetivo desta pesquisa a análise estatística. No entanto, faz-se necessário a apresentação de alguns números, para que se possa não só observar evoluções e realizar comparações, como corroborar a análise apresentada ao longo deste trabalho.
A seguir, algumas tabelas comparativas, com uma análise apenas superficial.
TABELA 1
PARTICIPAÇÃO DA RECEITA DOS 100 MAIORES GRUPOS PRIVADOS NO PRODUTO INTERNO BRUTO (%)

DÉCADA DE 1970
DÉCADA DE 1990
INDUSTRIAIS
6,0
9,0
COMERCIAIS
3,0
4,5
CONSTRUÇÃO
2,5
5,0
SERVIÇOS
1,0
1,5
FINANCEIROS
10,0
25,0
Fonte: IBGE / Gazeta Mercantil (apud Lima Filho)
A tabela acima, já exibida no capítulo 2, mostra a evolução da participação percentual no PIB, dos 100 maiores grupos privados. A tabela revela significativo avanço na participação dos maiores grupos dos cinco segmentos mais representativos da economia brasileira. Destaque para o segmento financeiro, que salta de uma participação de 10% do PIB na década de 1970, para 25% na década de 1990. Um incremento de 150%.
De qualquer forma, a participação global dobra em duas décadas, o que demonstra uma concentração cada vez maior do capital. Enquanto na década de 1970 os 100 maiores grupos detinham, em termos de suas receitas, menos de 25% de participação no PIB nacional, 20 anos depois já participavam com quase a metade do PIB.
TABELA 2
OS SETE MAIORES GRUPOS FINANCEIROS – 1993
Grupo
Receita Operacional Liquido
(US$ bilhões)
Caixa Econômica Federal
101,1
Banco do Brasil
68,7
Banespa
64,4
Bradesco
31,8
Bamerindus
25,1
Unibanco
17,0
Real
14,6
Fonte: Gazeta Mercantil (apud Lima Filho)
A tabela acima mostra o ranking dos sete principais bancos, em 1993, por suas receitas operacionais líquidas (expressas em bilhões de dólares). É interessante notar que as três primeiras posições são ocupadas por bancos estatais (o BANESPA ainda não havia sido privatizado). A destacar o fato da receita da Caixa Econômica Federal sozinha ser maior do que a receita dos quatro bancos privados juntos.







TABELA 3
OS SETE MAIORES GRUPOS FINANCEIROS PRIVADOS – 1993
Grupo
Receita Operacional Liquido
(US$ bilhões)
Bradesco
31,8
Bamerindus
25,2
Unibanco
17,0
Real
14,6
Safra
14,0
Lloyds Bank
9,6
Francês e Brasileiro
7,9
Fonte: Gazeta Mercantil (apud Lima Filho)
A tabela 3 apresenta o mesmo comparativo de ranking, desta feita exclusivamente entre grupos financeiros privados. Os destaques nesta tabela são o Banco Bamerindus, que, logo a seguir, entrou em processo de liquidação, sendo adquirido pelo HSBC, tornando-se a peça-chave para o crescimento de um dos maiores bancos privados do mundo, atuando no mercado brasileiro; o Banco Itaú, o segundo maior banco privado, em número de dezembro/2006, na tabela referente ao ano de 1993, sequer aparecia entre os setes primeiros; e o 7º colocado, Banco Francês e Brasileiro, que acabou incorporado pelo próprio Itaú, dando origem ao atual Personnalité.









TABELA 4
BANCOS POR ORIGEM DE CAPITAL
Banco
1964
1976
1987
1993
1997
11/2000
B. Oficiais
24
27
31
30
27
16
Bcos. Priv
312
79
74
215
193
175
Nacionais
304
69
56
178
148
103
Estrangeiro
8
10
18
37
45
72
Total
336
106
105
245
220
191
Fonte Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro – janeiro \ 2001. (apud Azevedo Silva)
A tabela acima mostra a evolução, em número absolutos, da quantidade tipo e controle de bancos entre 1964 e 2000. Notar que a tabela apresenta uma divisão entre bancos oficiais e privados e outra entre nacionais e estrangeiros, o que explica a incongruência dos números totais.
A privatização e a liquidação/extinção de vários bancos estaduais reduziu o número de instituições oficiais de 30 em 1993 para 16 em 2000.
Por outro lado, a abertura do mercado bancário ao capital externo possibilitou que de 1987 para 1993 o número de banco estrangeiros mais do dobrasse, atingindo, em 2000, o número de 72 bancos.
Interessante notar que a quantidade de bancos sofreu de 1964 para 1976 e 1987 uma queda bastante brusca; este número cresce até 1993 e volta a declinar daí em diante, demonstrando a concentração de que tratamos na pesquisa.






TABELA 5
BANCOS POR ORIGEM DE CAPITAL
Banco
2000
2001
2002
2003
2004
B. Oficiais
17
16
14
14
14
Bcos. Priv Nac.1
106
96
87
87
88
Estrang.2
69
70
65
62
62
Total
192
182
166
163
164
Fonte Banco Central (apud Azevedo Silva)

· (1) com e sem participação estrangeira
· (2) com controle estrangeiro

Destaque na tabela acima, para a expressiva redução do número de bancos privados ocorrida no período estudado. O fato explica-se pelas inúmeras incorporações de bancos menores pelos maiores. Evidencia, assim, a tendência de aceleração da concentração da rede bancária privada.
Entre 2002 e 2003 os bancos privados nacionais intensificam sua reação à ofensiva estrangeira, ocorrida na década anterior, adquirindo alguns bancos estrangeiros. Exemplos são a aquisição do espanhol Bilbao Vizcaya por parte do Bradesco e a compra, pelo Itaú, do BBA Creditanstald.










TABELA 6

CLASSIFICAÇÃO DOS 10 MAIORES BANCOS POR ATIVOS TOTAIS



Posição

Instituição
Tipo
de
Controle
Ativo Total R$ bilhões

2000
%
2004
%
1
Banco do Brasil
1
138.33
17,4
239.014
19,9

2
CEF
1
12.080
15,9
147.78
12,3

3
Bradeco
3
83.448
10,5
148.207
12,3

4
Itau
3
65.439
8,2
123.443
10,3

5
Santander
Banespa
5
54.539
6,8
66.548
5,5

6
Unibanco
5
48.485
6,1
72.928
6,0

7
ABN AMRO
4
28.936
3,6
59.150
4,9

8
Safra
3
25.097
3,2
40.841
3,4

9
HSBC
4
21.55
2,7
34.374
2,8

10
Votorantin
3
______

36.586
3,1

Total do ativo dos 50 maiores bancos


793.55

1.199428


Fonte Banco Central – informações cadastrais e contábeis (apud Azevedo Silva)
1 – público federal
2 – público estadual
3 – privado nacional
4 – privado com controle estrangeiro
5 - privado com participação estrangeira
Acima tabela comparativa entre os anos de 2000 e 2004, apresentando a colocação dos 10 principais grupos financeiros, o tipo de controle e os ativos totais. Observa-se a evolução percentual e absoluta em quatro anos.

TABELA 7
RANKING BANCOS POR ATIVOS TOTAIS
Banco
R$ bilhões
Banco do Brasil
296,35
Bradesco
265,54
Itaú
209,69
Caixa Econômica Federal
209,53
Banco Real \ ABN Amro Bank
120,83
Santader \ Banespa
107,18
Unibanco
103,77
Fonte: Consultoria Austin Rating / O Globo
Posição relativa aos balanços consolidados de dezembro de 2006.

Esta é a posição oficial mais recente, referente aos balanços de dezembro de 2006. Destaque para expressivo crescimento, nos últimos 15 anos, do setor financeiro privado, em detrimento do setor público. O destaque negativo é representado pela Caixa Econômica Federal, que a despeito de concentrar financeiramente toda a política social do governo federal, ocupa atualmente a quarta colocação entre as instituições financeiras, quando já ocupou a primeira e com larga vantagem sobre o segundo colocado, que à época era o Banco do Brasil, hoje o primeiro colocado. Note-se a incrível ascensão do Banco Itaú, que em 1993 sequer aparecia no ranking dos maiores bancos e hoje ocupa posição de destaque, brigando pela primeira colocação entre os privados. É importante lembrar que o Itaú foi o banco que melhor soube aproveitar a onda de privatizações e incorporações havida na segunda metade da década de 1990 e início da década de 2000, crescendo através de aquisições e incorporações.




3.3 TRABALHO BANCÁRIO: UM CASO DE SAÚDE PÚBLICA
O tópico final do estudo relaciona o trabalho bancário com a questão da saúde. Pesquisa conjunta entre a Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), realizada em 2002, apresenta alguns resultados bastante significativos para o entendimento do quanto tem sido penoso o trabalho bancário dentro das novas estruturas do sistema financeiro.
A análise dos benefícios por acidente de trabalho concedidos a uma população de 1.881.324 trabalhadores, no ano de 2002, distribuídos em cinco ramos de atividades (fabricação de produtos químicos, fabricação de produtos de metal, metalurgia básica, intermediação financeira e serviços de saúde), mostrou o seguinte panorama:
· de todos os benefícios por acidente de trabalho concedidos por doença mental, 81% foram registrados no setor de intermediação financeira;
· dos 73 casos de reação aguda ao estresse relacionado com o trabalho 72 (98,6%) foram concedidos aos bancários;
· dos 82 casos de doença do trabalho por síndrome cervicobraquial (dor na região da coluna vertebral, na parte superior da mesma, próximo ao pescoço) 72% foram concedidos a bancários;
· dos 72 casos de cervicalgias, 55,6% foram em bancários;
· dos 15 casos de transtornos fóbicos ansiosos, 93,3% foram apresentados por bancários;
· dos 35 casos de episódios depressivos reconhecidos como relacionados com o trabalho, 94,3% foram registrados em bancários;
· dos 1.111 casos de sinovite e tenossinovite (DORT), 55,3% ocorreram em bancários; (apud BRANCO)


A pesquisa revela, ainda, que os bancários representam a categoria, entre as avaliadas, que, proporcionalmente tiram menos licenças superiores a 15 dias (sem controle do INSS). A categoria bancária apresenta um excesso tanto na concessão de auxílios-doença, não relacionados ao trabalho, quanto no número de aposentadorias por doença mental, três vezes superior à média da população trabalhadora brasileira. A pesquisa da UnB, conclui que, na prática, é bastante provável que este excesso de afastamentos tenha relação com a atividade bancária, no entanto, não são reconhecidos oficialmente como tal.
Recentemente, o governo federal aumentou a taxa cobrada pela Previdência Social, a título de seguro de acidentes de trabalho, das empresas de intermediação financeira de 1% sobre a folha de pagamento, para 3%, igualando, assim, em nível de reconhecimento de risco de atividade, o setor bancário aos setores de construção civil e produtos químicos e corrosivos. Por certo, tal medida está relacionada ao significativo aumento verificado nos últimos anos de afastamentos do trabalho e pagamentos de benefícios, por parte da Previdência Social, a bancários.
A pesquisa da UnB demonstra, que mantida a média de licenças médicas, a categoria bancária alcançará, dentro em pouco, níveis alarmantes de afastamentos do trabalhado, exigindo, já agora, medidas urgentes a fim de evitar um verdadeiro aniquilamento de um conjunto de trabalhadores.
























CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão para a qual esta pesquisa busca solução encontra-se no embate entre o setor produtivo, os trabalhadores bancários e o sistema financeiro. Atinge, portanto, a sociedade como um todo. O que se buscou com a apresentação dos pressupostos teóricos foi à clarificação das bases de formação do sistema bancário moderno e seu desenvolvimento até o momento atual. A ênfase nos processos de formação administrativa e nas doutrinas e teorias da administração e sua apresentação como ciência social aplicada, explica-se pela crença de que o atual modelo mantido pelos bancos não poderá ser mantido por muito mais tempo.
O sofrimento a que a classe trabalhadora bancária está submetida, a verdadeira exclusão social que os bancos operam, a extremada concentração do capital financeiro, gerando mais capital, sem nada produzir, os lucros crescentes e inesgotáveis e a submissão a que governo e sociedade estão mantidos sob jugo do sistema financeiro precisa encontrar paradeiro. O setor produtivo e a sociedade como um todo parecem dar sinais de cansaço do atual modelo econômico. Setores importantes para a formação de opinião têm vindo constantemente a público, elevar sua voz contra tal modelo. Não se pode afirmar que o atual modelo econômico encontra-se em seus estertores. Os que o fizeram, em passado recente, amargam seu engano. Contudo, está claro que é preciso mudanças.
Este trabalho se encerra sem uma solução clara e definitiva, posto que tal não é possível. No entanto, sem o desejo da pretensão, procura levantar um alerta. A sociedade não pode continuar refém do sistema financeiro e de suas bases, por enquanto físicas, incrustadas na própria sociedade, ou seja, os bancos.
Peter Drucker nos apresenta algumas idéias sobre empresas e teorias administrativas, que nos fazem pensar e raciocinar sobre o tema. Ele observa que o empreendedor que queira ver sua empresa prosperando e que possa tornar-se perene, precisa ter, em relação à organização, uma teoria clara, orientando seus atos e decisões. No entanto, tal não é o bastante. É fundamental que a teoria própria formulada, se insira na organização, obrigando que esta analise e compreenda em profundidade a teoria proposta. Assim, como a organização é formada por pessoas, serão as pessoas, individualmente, que se obrigarão a compreender a teoria, formando junto à cultura organizacional, a finalidade, a missão e a visão da empresa. Quanto mais claras e objetivas forem finalidade, missão e visão, tanto maiores as chances de progresso, resistência ao tempo e desenvolvimento da empresa.
Drucker não afirma que as teorias e abordagens gerais da administração devam ser abandonadas, abolidas ou desconsideradas, mas que cada organização precisa de uma teoria própria, para que possa se posicionar positivamente perante o seu foco: o cliente.
[ ... ] as teorias sobre empresas ficam sempre obsoletas; e habitualmente com muita rapidez. Se, portanto, os pontos que tenham servido de alicerce para a construção da empresa não forem visivelmente expostos, nem claramente entendidos, nem explicitamente apresentados, a empresa ficará à mercê dos acontecimentos. Não compreendendo o que ela mesma seja, nem o que represente, nem quais sejam os conceitos, valores, diretrizes e convicções fundamentais sobre os quais repousa, a empresa não será capaz de evoluir racionalmente. (PETER DRUCKER)


A organização jamais deve desconsiderar que é formada por pessoas e é para pessoas que ela existe. Drucker, por diversas vezes, revela que nas organizações modernas a maioria das decisões é tomada cada vez mais nos níveis intermediários e, por vezes, em níveis inferiores. Isso só foi possível graças ao advento massivo da informática. No entanto, são as pessoas, e não as máquinas, que tomam decisões. São pessoas que são atingidas pela maioria das decisões e são para pessoas que a maioria das decisões são tomadas. Portanto, organizações, sejam elas bancos ou não, com fins lucrativos ou não, só existem porque pessoas coexistem em seu interior, a formam e são formadas por elas, servem-na e são servidas por elas. Organizações só existem, porque existem pessoas.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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8. DRUCKER, Peter F. Introdução à administração. São Paulo: Pioneira, 1984.

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10. GEOCITIES. Terceirização. Artigo eletrônico, disponível em http://www.geocities.com/WallStreet/Market/4702/textos/terceiriz.html, acesso em 05/06/2007.

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13. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria geral da administração: da escola científica à competitividade em economia globalizada. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.

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17. REVISTA DE PSIQUIATRIA DO RIO GRANDE DO SUL. Transtorno de estresse pós-traumático como acidente de trabalho em um bancário: relato de um caso. Edição jan/abr – 2005.

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19. SATO, Leny. LER: objeto e pretexto para a construção do campo do trabalho e saúde. Artigo, Scielo Brasil, acesso em 08/04/2007.

20. THE PETER F. DRUCKER FOUNDATION. A organização do futuro: como preparar hoje as empresas de amanhã. São Paulo: Futura, 1997.